Por assessoria
Foto de abertura: Duarte por divulgação
Intensificando a força brasileira em terras estrangeiras, contrariando aquela velha máxima de que música eletrônica tem que ter vocal gringo para ser boa, os produtores Duarte e Ragie Ban assinam a track “Stop Posing”, na conceituada CUFF, de ninguém menos que os franceses Amine Edge & Dance. Com um vocal “dirty”, um groove cadenciado e uma letra que gruda na cabeça, os artistas brasileiros trouxeram um estilo de som que ainda não havia rolado na gravadora, explorado cada vez por artistas da nova geração e reconhecida internacionalmente.
Despontando como um dos principais nomes do tech house carioca, João Victor Duarte, de 21 anos, é um artista que valoriza as letras com vocais nacionais. Trazendo brasilidade na maioria de suas tracks, Duarte traz uma pegada carioca única, que é difícil de ser encontrada em produtores do Rio de Janeiro.
Com lançamento oficial na última sexta-feira, 25, a track já possui inúmeros suportes de artistas internacionais e nacionais como o próprio Amine Edge & Dance, Clyde P, Chicks Luv Us, Shiba San, Slow Motion, Brisotti, Mochakk, entre outros. Duarte e Ragie Ban contam para a House Mag sobre como foi o processo criativo da música e também batemos um papo com os franceses do Amine Edge & Dance para sabermos mais dessa ligação com os artistas brasileiros!
HM – Como surgiu a “Stop Posing” e como foi o processo criativo da track?
Duarte – A track surgiu durante uma call entre nós dois. Em uma dessas madrugadas pensamos em fazer algo fora da caixa. Começamos a criar uma música, só que ficamos pensando em procurar algo que seja mais a cara do Brasil, um vocal que marcasse e que ninguém esperasse, daí começamos a procurar uns vocais de funk na zoeira, sem compromisso. Durante outra dessas ligações, o Ragie achou esse vocal em um ponto de funk e ficamos brincando com o vocal até que fizemos um groove maneiro e caiu como uma luva, a track fluiu naturalmente e acabamos na mesma noite.
Ragie – Na época, eu lembro que ficou engraçado demais, tanto que nem pensamos em lançar em lugar nenhum, nem mandar pra ninguém, na hora foi uma produção mais na brincadeira.
HM – Como foi a escolha dos elementos para a construção e estruturação da track?
Ragie – Começamos pelo vocal e já fizemos um loop principal (drop) para dar início às ideias. Eu tive a ideia de vir com o vocal filtrado e decidimos deixar o “para de pose” de hook.
Duarte – No segundo break dei a ideia de usarmos alguns impacts pra gerar uma tensão e cair nesse drop mais seco e utilizar alguns white noises, inclusive pensamos na época que ia ser maneiro dar essa noção de CO2 para explosão [rs].
Ragie – Foto: divulgação
HM – Como vocês receberam a notícia de que ela seria lançada pela CUFF e como reagiram a isso?
Duarte – Alguns dias depois de finalizarmos a track mandamos para alguns parceiros para feed, e por indicação do Jho Roscioli e os garotos do Cla$$ & JCult mandamos para a CUFF, gravadora do Amine Edge & Dance. Lembro que o Carlos (Cla$$) me disse que eles iriam gostar muito da ideia, já que a possibilidade não havia passado em nossas cabeças de jeito nenhum, mandamos mas sem pretenção nenhuma.
Ragie – Passado uns dias recebi o e-mail confirmando o release de manhã cedo, lembro que o Duarte estava dormindo e eu ligando e mandando mensagem pra ele loucamente após ter visto o e-mail. Quando ele atendeu, ele ficou maluco também e comemoramos demais juntos, a sensação foi única, a gente não tinha nem criado expectativa e aconteceu. Ficamos muito felizes com o lançamento e ainda mais por ser a “Stop Posing” que representa muito o Brasil, e ser uma das primeiras músicas em português na gravadora britânica.
HM – O que essa track representa para o projeto de vocês?
Duarte – Para mim esse release é muito importante pois intensifica a força brasileira não só nos grooves mas também no vocal, algo que eu tenho vontade de explorar cada vez mais.
Ragie – Essa track foi umas das que não era das minhas favoritas, mas de acordo com o passar do tempo, ela foi se tornando diferente pra mim, por não ser só uma música mas sim por me trazer motivos e ter outros valores além da música. O Duarte é meu irmão e lançar música com ele é sempre demais, pois ajudamos uns aos outros e estamos sempre se ajudando, ver que nosso trabalho está dando certo juntos me deixa feliz demais. Estar saindo pela CUFF é uma realização e só intensifica ainda mais o propósito.
Com quase 10 anos de carreira e com hits que fazem qualquer marmanjo chorar nas pistas brasileiras a fora com tracks como “Lost”, “Lovely Dale” entre outras, o duo francês são considerados por muitos os produtores mais “gangstas” da cena eletrônica e donos de uma das gravadoras mais conceituadas, a CUFF. Amine Edge também conversou com a gente e falou sobre a track e a relação com o público brasileiro.
HM – Como é a reação do público ao tocar essa faixa nas pistas brasileiras?
Amine Edge – Essa faixa chama muito a galera aqui no Brasil. Eu sei que vai destruir a pista mesmo depois de jogar a “Lost” e a galera ainda vai ao delírio. O fato da letra ser suja em português, a galera fica super empolgada ao ouvir mesmo que eles nunca tenham ouvido.
Amine Edge – Foto: divulgação
HM – Por que você decidiu lançar a track na sua gravadora?
Amine Edge – Porque simplesmente ela é uma bomba. A faixa é muito original e um “banger” único.
HM – O que uma faixa precisa ter para ser lançada pela CUFF?
Amine Edge – Comecei a gravadora em 2014 e, desde então, ainda não sei a resposta, enquanto outras gravadoras tendem a assinar um tipo específico de som para tentar construir uma identidade e uma vibe, eu não me importo com isso, eu simplesmente ouço todas as demos que são enviadas e assino o que me faz sorrir, dançar, e com raiva e qualquer tipo de emoções boas, não importa o estilo.
HM – Você poderia falar um pouco sobre sua ligação com o projeto Duarte e Ragie Ban?
Amine Edge – Falei brevemente com o Ragie pelo Instagram e gostaria de conhecê-lo em breve, mas encontrei o Duarte algumas vezes aqui no Rio, onde ele mora próximo da minha minha segunda base, gosto muito da vibe dele. Ele é muito parecido comigo na verdade, também temos mais faixas deles chegando este ano. Realmente estou muito animado com isso.
HM – Você poderia falar sobre sua conexão com o Brasil e os fãs brasileiros?
Amine Edge – O Brasil é minha segunda casa e alguns amigos já me chamam de carioca [rs]. Não sei explicar mas me sinto muito em casa aqui, meu sucesso foi tão grande aqui que acabei fazendo muitos shows, mês após mês, ano após ano me familiarizei muito com o Brasil e isso aconteceu naturalmente. E, claro, como DJ, sou aquele artista que só se diverte se a galera me mostrar muito amor e entusiasmo, e os brasileiros não escondem seus sentimentos , eles vão 100% com seu coração caloroso e é realmente reconfortante. É definitivamente um lugar especial para mim, e chegar aqui é como estar em casa.