Por redação
Foto de abertura: divulgação
Apesar de possuir um cenário relativamente recente no que diz respeito à música eletrônica, Joinville vem contando com uma importante revolução nesse quesito. A Clubber, label party comandada por Adriano Soul, tem transformado o conceito de música eletrônica underground na cidade catarinense, e trazendo referências das emblemáticas noites paulistanas, o núcleo integra uma experiência plural e inclusiva através de suas festas: Clubber, Inferninho e Breu.
Preparados para o retorno das pistas, que deve acontecer já em dezembro, a Clubber promete tirar o atraso da paralisação das pistas, e colocar “fogo no parquinho” com a presença de Tessuto no line up do dia 17 de dezembro — compre os ingressos através deste link pela Sympla.
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Conversamos com Adriano para saber mais detalhes sobre essa volta e conhecer um pouco mais da história da Clubber. Acompanhe!
HM – Adriano, como começou essa sua paixão pela música eletrônica e pela cultura que cerca esse movimento? Qual era sua bagagem musical antes de você mergulhar neste mundo?
Sempre tive uma vida musical ativa desde criança. Começando em corais nas igrejas que frequentei até compondo músicas e participando de festivais e bandas. Porém, como não tocava nenhum instrumento comecei em 2011 a estudar mais sobre a música eletrônica. Comprei uma controladora e sozinho em casa fui aprendendo até que comecei a me apresentar nos intervalos da banda para que escrevia músicas, no mercado municipal de Joinville. De lá pra cá já toquei tribal house, começando minha carreira em baladas LGBTQI+, até que me estabilizei entre o techno e o house junto à Clubber.
HM – A Clubber surgiu há três anos e veio da sua vivência dentro do underground paulistano. O que você viu na cena de São Paulo que não era encontrada na cultura eletrônica de Joinville?
Joinville tem uma paixão inegável pela música eletrônica, isso é fato, muito antes da Clubber. Mas a vibe transmitida pelas festas de São Paulo me trazia uma sensação maior de pluralidade, de respeito às diferenças e culturas. Isso representado no público, nas roupas, nas performances, nas drags, nas decorações das festas. Depois que voltei para Joinville, fiquei com a vontade de tentar reproduzir o que vi e vivi lá. Claro, estamos introduzindo aos poucos, pois o diferente às vezes assusta quem não está acostumado, mas aos poucos acredito que a Clubber vai conseguir representar tudo o que imaginamos.
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HM – Quais os desafios que você encontrou nessa incorporação de elementos da cena paulistana para a cena joinvilense? Você sentiu que o público absorveu com facilidade essas iniciativas?
Estamos indo aos poucos. Os performers ainda não são figuras frequentes em nossas festas, mas assim que possível, introduziremos. O público aceita bem, é diferente para eles, mas queremos chegar ao ponto de ser normal. Quanto ao meio de decoração das festas e modo de fazer o rolê, é bem aceito, mas queremos deixar nosso rolê ainda mais plural. Ouço muitos gays falarem que não frequentam o rolê por ser “hétero”, por não se sentirem à vontade, quando na verdade nossas festas são abertas para todo mundo, e com este público ainda sinto um pouco de resistência. Abrimos recentemente um chamado para incorporar artistas, performances, drags e estourar a bolha do público da música eletrônica por aqui.
HM – Ao longo da jornada da Clubber, quais foram os momentos mais marcantes até aqui?
A nossa primeira edição, que ocorreu no pórtico da cidade de graça para todo mundo, com feira de artesanato, brechós, e um público lindo que abraçou e foi em peso, mesmo sendo um evento novo. E também o Baile da X.Ela, que aconteceu em janeiro de 2020. O Baile é uma edição especial do Inferninho que acontece sempre em janeiro para comemorar meu aniversário. Neste dia me apresento como Clubber X.Ela, em um all night long e convido os amigos e residentes para b2b durante a noite. O último baile foi muito especial, por ser o último Inferninho antes da pandemia e pela vibe que transmitiu.
HM – Além da própria Clubber, você também comanda a Breu e a Inferninho, festas parceiras que fazem parte do núcleo. Como é comandar três festas em uma cidade que é relativamente recente, no cenário cultural eletrônico? Você possui uma equipe de promoters junto com você?
A Clubber nunca teve promoters propriamente ditos, pois o próprio público faz esse trabalho de passar a diante. Nós temos sim uma equipe de DJs residentes que nos ajudam muito, desde a discotecagem até os serviços braçais de montar o rolê, carregar o som. Assim, a Clubber nasceu e cresceu no boca a boca, um amigo convidando o outro e por isso ela tem uma vibe de que todo mundo se conhece.
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HM – Como você analisa a trajetória e a evolução da cena de Joinville desde que essas festas passaram a fazer parte das noites da cidade?
Eu me sinto muito orgulhoso do caminho que percorremos até aqui. Sei que antes de mim vieram outros, e outras festas virão, mas me sinto parte desse momento e da história que lembraremos daqui há alguns anos. Continuamos crescendo aos poucos, pois conheço as limitações da minha cidade quanto a locais para realizar as festas e o custo que eles apresentam. Quanto ao público que está crescendo, ainda não paga as atrações que queremos trazer, mas com planejamento e acima de tudo com o apoio daqueles que já se converteram em Clubbers, vamos chegar muito mais longe.
HM – E por falar nas noites, sabemos que vocês já estão se aquecendo para o primeiro evento pós pandêmico. O que podemos esperar dessa festa? Nomes, datas, já dá pra revelar algo?
Podemos sim. Dia 17 de dezembro estaremos de volta com uma edição do Inferninho que vai ter festa e after. Nesta edição, que foi adiada em 2020, estaremos oficializando a residência do WALTERVELT, uma das maiores revelações no cenário atual da música eletrônica nacional e que pudemos acompanhar desde muito antes do sucesso acontecer. Além da nossa jóia da casa, teremos como nosso convidado da vez, Tessuto, que pra mim é uma das grandes referências tanto na produção das festas quanto em meu projeto Clubber X.Ela, que também se apresentará, além dos nossos residentes: Hel, Phelipp, Casti! O Cup Of Tea, vem representar a Off Independente de Balneário Camboriú.
HM – Para o ano que vem, vocês também já estão com uma agenda pré-programada?
Para 2022 já temos marcado o próximo Baile da X.Ela, em 22 de janeiro. Com o fim da pandemia, nosso intuito é retornar a nossa agenda contemplando um evento por mês.