No próximo dia 22, uma sexta-feira, Ricardo Villalobos volta ao Brasil para mandar aquela performance que só ele é capaz de fazer! O astro chileno/alemão vem como atração única da primeira edição da party label chilena Sundeck no país. O rolê está marcado para o Sonora Garden, em São Paulo, a partir das 22h.
Abaixo, te contamos por que este é um evento simplesmente imperdível!
1. Pioneiro do minimal
Ao lado de nomes como Luciano, Richie Hawtin, Robert Hood e Carl Craig, Villalobos foi um dos precursores do minimal techno, movimento que surgiu no final dos anos 90 e virou febre nas pistas de dança underground a partir dos anos 2000.
O minimal surgiu como resposta a uma saturação comercial da música eletrônica, que, no auge da sua popularidade, trazia muitos elementos. Nomes como os cinco acima listados foram os primeiros a se interessarem em propor o movimento minimalista na dance music, a partir da clássica premissa de que “menos é mais”.
Um som bastante característico se formou a partir de então, marcado pela presença de espaços, silêncio, microssamples e timbres mais baixos e discretos.
2. Shows no Brasil não têm acontecido com frequência
A última vez de Ricardo por aqui foi em 2019, no Time Warp Brasil — antes, portanto, da própria pandemia. Sua aparição anterior, segundo o Resident Advisor, fora em uma miniturnê de três datas em janeiro de 2013.
Ou seja, nos últimos 11 anos, o DJ só esteve duas vezes por aqui — e sabe-se lá quanto tempo vai levar para a próxima.
3. Mixagens longas e marcantes
Villalobos tem um jeito bastante único de discotecar. Com muita criatividade, é famoso por suas mixagens de longa duração, nas quais ao menos duas músicas ficam tocando ao mesmo tempo, completando-se, por mais tempo do que o normal.
Por isso, sua melhor versão é a dos long sets, quando tem horas o suficiente para viajar, experimentar e explorar os mixers e toca-discos.
Além disso, apesar de ser um dos rostos do minimal, o artista não se prende a estilos ou fórmulas, dando vazão a uma mistura muito peculiar de ritmos, incluindo um forte toque latino. Seus sets parecem ter vida própria, e seguem sempre caminhos surpreendentes.
4. Músicas que marcaram gerações
Ao longo desses mais de 20 anos de carreira, o DJ e produtor emplacou algumas faixas icônicas, que marcaram gerações. Algumas das mais notáveis são “Easy Lee” e “Dexter”, ambas lançadas em 2003, como parte do seu álbum de estreia, “Alcachofa”.
Além disso, o artista também já chamou a atenção por lançar músicas com mais de meia hora de duração, como “Minimoonstar”, “Fizheuer Zieheuer” e “Bionic Sad” — faixa com nada menos que 45 minutos, lançada em 2016.
5. Histórico pessoal
Um dos motivos que fazem Ricardo Villalobos ser tão diferente é a sua trajetória de vida. Nascido em Santiago do Chile em 1970, ele e sua família foram exilados do país em 1973, para fugir da ditadura militar de Pinochet, migrando para Berlim.
Logo, o caráter musical do DJ engloba tanto a essência do techno alemão quanto as influências latinas de suas origens.
6. Embaixador do “som da Romênia”
A cena minimal da Romênia é uma das mais famosas do mundo, e grande parte disso deve-se a Villalobos. Em 2006, o DJ foi bookado para tocar na capital do país, Bucareste, com abertura do local artista Raresh.
Reconhecendo o talento do colega, Ricardo insistiu que Raresh continuasse discotecando, até entrar junto com ele em B2B, em uma afterparty organizada por Catalin Ghinea, um dos DJs pioneiros da cena romena, responsável pela party label Sunrise.
A Sunrise foi a principal festa a desenvolver o que veio a ser conhecido como “o som da Romênia” — o minimal techno particular daquele local, profundamente influenciado por Villalobos, que hoje é um dos embaixadores do Sunwaves.
7. Contracorrente
Na era dos drops, mãos pro alto e gravações de vídeos para as redes sociais, Ricardo Villalobos continua com sua essência simples, propondo um movimento contrário e profundamente significativo: o de fechar os olhos, sentir a música e dançar.
Vale a pena viver essa experiência raiz de pista.
8. Posições firmes
Outra raridade nos dias de hoje é ver DJs com posições políticas e valores firmes e incorruptíveis. Ricardo ficou por mais de dez anos sem tocar nos Estados Unidos, por não concordar com a política do país.
Até que, em 2011, juntou-se ao lineup do celebrado Movement, em Detroit (onde voltou a se apresentar no ano passado), justificando que estava abrindo uma exceção por acreditar nos princípios daquele evento.
Tal característica torna sua arte ainda mais autêntica, revelando a sua retidão de caráter e postura firme em defender e ficar do lado do que acredita.
E você, já conhecia a história do Villalobos?
Por Lau Ferreira