Após uma pausa na carreira desde a pandemia, o talento brasileiro Wilian kraupp ressurge na cena com uma nova abordagem sonora. Com influências em artistas como Hernán Cattáneo (que deu suporte para a faixa “Cetus” em pelo menos três shows no início deste ano), John Digweed e Guy J, também está lançando sua própria gravadora, a fim de ajudar a organizar esse estilo no Brasil e impulsionar novos artistas.
Olá Wilian, obrigado pela entrevista. Você apareceu com destaque na cena nacional por volta de 2014, com constantes suportes do Marco Carola. Como foi aquele período da carreira para você?
Primeiramente obrigado pelo convite. Bem, podemos dizer que 2014 foi o ano em que a minha carreira nacional começou. Naquela época eu estava fazendo tech house voltado para o mercado europeu. Foi quando me conectei com o groove de Marco Carola, e consegui vários suportes dele e de super artistas como Joseph Capriati, Adam Beyer, Hot Since 82 entre outros. Foi um período muito legal da minha vida, viajei bastante, tocando em vários lugares e festas importantes.
Você passou por praticamente cinco anos de hiato, totalmente fora da cena. Por que resolveu parar? E quão importante foi esse tempo para evoluir sua percepção musical.
Foi uma decisão bem difícil pra mim. Em 2018 eu tive que assumir a empresa do meu pai, e estava consumindo todo meu tempo, impossibilitando que conciliasse com a minha carreira naquela época. Mal sabia eu que dois anos depois teríamos a maior tragédia sanitária do século 21. Hoje consigo enxergar que foi a melhor decisão que tomei. Aprendi muito sobre empreendedorismo, e agora com tudo em ordem, consegui voltar a me dedicar à música. Ter saído da bolha também me fez enxergar outros estilos musicais. O progressive house sempre foi um estilo que gostei muito, mas não consegui explorar na época.
Você chegou a tocar em grandes eventos como Wday, Warung e D-EDGE em horário nobre. Como enxerga que essa experiência pode lhe ajudar agora nessa nova fase? A cena está pedindo DJs cada vez mais preparados…
Sim, a cena mudou bastante nesse cenário pós pandêmico. Tenho observado que a nova geração está bem ativa e disposta a entregar coisas diferentes, o que me deixa mais tranquilo é a minha bagagem como DJ que começou lá em meados de 2006 (risos). Brincadeiras à parte, estou bastante alinhado nas produções e nos próximos lançamentos.
Em um cenário pós pandemia, se exige cada vez mais habilidades de um artista e muita atenção na imagem. Quais as diferenças que você vê hoje em relação há 10 anos?
As demandas para DJs e produtores musicais evoluíram significativamente em comparação com uma década atrás. Em resumo, agora precisam ser artistas completos, combinando habilidades musicais com conhecimento em marketing, branding e tecnologia. A pandemia acelerou a tendência das transmissões ao vivo fazendo o YouTube virar um canhão em matéria de audiência! A ascensão das plataformas de streaming mudou a forma como a música é consumida. Agora precisamos entender as métricas, playlists e algoritmos para alcançar um público mais amplo. Enfim, é um assunto que vai longe.
Como foi o processo para sair do tech house com influências italianas até chegar no progressive house? Gostar de sons com mais profundidade é um caminho natural de todo produtor?
Durante esse período afastado da produção, tive a oportunidade de ouvir uma variedade de referências musicais, e isso ampliou meu horizonte e me inspirou a explorar novos sons. Fiz vários testes do deep house ao techno, mas o progressive house me desafiou de maneira única. Cada detalhe importa, desde a escolha dos timbres até a dinâmica da mixagem. Essa busca por profundidade é, de fato, um caminho natural para todo produtor.
Recentemente você teve suporte de Hernán Cattáneo na faixa “Cetus”, que faz parte do seu primeiro lançamento desta nova fase. Como foi a sensação de estar novamente sendo apoiado por um dos maiores da cena underground?
É gratificante ter o apoio de um ícone como Hernán Cattáneo! Sua influência na cena underground é inegável, e estar presente nos sets dele é uma honra. Isso valida todo o esforço e dedicação que coloquei na criação da faixa “Cetus”. A música conecta artistas e fãs, e saber que ressoa com alguém tão respeitado é uma sensação indescritível.
Falando em gravadora, como chegou à ideia de ter uma label própria? Você considera que a UniverseView pode ser um diferencial na sua carreira?
Ao longo dos meus 11 anos como produtor, sempre alimentei o sonho de ter uma gravadora, para poder lançar minhas próprias músicas e descobrir novos artistas. Foram anos de planejamento até aqui, e sinto que finalmente chegou o momento! Quero fazer algo bem legal, uma visão do universo misturando música e astronomia.
Como está a previsão dos próximos lançamentos? Já temos artistas convidados confirmados?
Ter artistas em uma gravadora que está iniciando é um processo lento e de longo prazo. Estou com alguns artistas em conversa, mas estou deixando fluir sem pressão. Quero que seja algo especial.
Quando podemos esperar as primeiras apresentações? Algo que já possa adiantar?
Estamos trabalhando nisso. Já temos datas sim, para o final deste segundo semestre e também início de 2025. Logo logo irei divulgar =).