EL NIÑO E O DESMATAMENTO AMAZÔNICO
O estado do Amazonas viveu, sem dúvidas, um dos seus piores momentos da história no final de 2023 e começo de 2024. O fenômeno do El Niño, agravado pelo aquecimento global extremo em que o planeta se encontra, resultou em uma das maiores secas de todos os tempos, além de um número recorde de queimadas e alta na temperatura. Mas o que acontece de tão grave para que o impacto desse fenômeno, previsto por cientistas, tenha sido tão extremo no estado dessa vez? A resposta são as mudanças climáticas em que o planeta se encontra e o aumento do desmatamento da floresta amazônica nas últimas décadas, resultando em um efeito cascata que chegou ao extremo nesse ano. Além da falta de água potável e mortandade de animais, a seca e as queimadas que atingiram a região geraram inúmeras consequências para a fauna e flora não apenas aquática, mas terrestre, algumas irreversíveis. Os números são assustadores. Os rios secaram e milhares de pessoas ficaram isoladas, pois o único acesso e sustento dessas pessoas é através do rio. Muitas adoeceram e estão passando dificuldades, pois com a fumaça das queimadas e o calor extremo, vem os problemas de saúde, além da falta de acesso à água potável e itens básicos de sobrevivência.“O fenômeno El Niño e o aquecimento das águas do Atlântico Tropical Norte justificam apenas em parte a crise climática extrema: a ação humana sob a floresta amazônica agrava a situação que já é de calamidade pública.O estado amazonense encontra-se em situação de “emergência ambiental” em 55 dos 62 municípios desde 30 de setembro, segundo a Defesa Civil. O governo do Amazonas instituiu a Operação Estiagem 2023 com um decreto válido por 180 dias e abrangendo os municípios em estado de emergência.
“INSTITUTO ASAS PELA AMAZÔNIA E MÚSICA ELETRÔNICA
Na linha de frente desse problema, há pelo menos dezenove anos, o Instituto “Asas pela Amazônia” é referência no estado no que diz respeito ao assistencialismo da população mais carente. Ao todo, são mais de 30 mil famílias beneficiadas pelas ações do projeto durante os últimos anos. Formados por médicos e voluntários, essa ONG sem fins lucrativos, ajuda a população em vulnerabilidade do estado da Amazônia, através de programas assistenciais, doações e principalmente acompanhamento médico em locais remotos.Ciente desse problema, o brasiliense Doozie, que se tornou embaixador do projeto no ano passado, idealizou junto com o instituto o primeiro evento beneficente unindo música eletrônica e a ONG, em parceria com o Abaré Club, local histórico do estado na cena brasileira, que já recebeu centenas de artistas e que também sofreu muito com as secas desse último ano:“Chamar a atenção por esse problema é algo muito importante e necessário. Uma das maiores riquezas do nosso país é a floresta amazônica e ela possui um papel fundamental no nosso ecossistema. Como embaixador do projeto Asas pela Amazônia, me vi na necessidade de realizar um evento não só para arrecadar fundos para o instituto, mas também para colocar essa discussão em pauta e alertar o restante das pessoas sobre o que vem acontecendo. Precisamos nos unir em prol da Amazônia.”Além do brasiliense Doozie, nomes como Visage, MKJAY, Sterium uniram-se à causa, junto com dois dos principais artistas locais, Bess Maze e Madame C, residente do Abaré Club. Todos os artistas abriram mão de receber cachê em prol das doações para o instituto. Um gesto nobre, onde o principal objetivo é ajudar pessoas em situação de vulnerabilidade e que tiveram talvez o pior momento de suas vidas nesse último ano; além de chamar atenção para esse problema que essa parte do Brasil viveu e que pode vir a se repetir novamente este ano.
ABARÉ CLUB E SUSTENTABILIDADE
O Abaré Club nasceu em 2014 e foi idealizado através de 4 pilares: Sustentabilidade, Gastronomia, Música e Moda. A Sustentabilidade valida a vivência ribeirinha pois o Abaré é uma estrutura flutuante que fica sobre as águas do Rio Tarumã Açu, um afluente do grandioso Rio Negro. É um complexo que movimenta o turismo no Amazonas e que é fundamental pois emprega mais de cem colaboradores diretamente. Há quase dez anos, o dono do local Diogo vem conciliando todos esses problemas ambientais com o funcionamento do Club. Porém, em 2023 o problema alcançou um nível extremo de seca: “Estamos vivenciando um evento climático extremo onde o fenômeno El Nino nos levou a maior seca já registrada desde que o Amazonas começou a medir o nível dos rios em 1902. O rio ficou tão seco que tivemos que interromper nossa operação de hotel e restaurante. Nós moramos no Abaré e ficamos completamente isolados nesse período.” finaliza Diogo.
O Abaré Club fica localizado sobre as águas do Rio Tarumã, onde já passaram artistas como D-nox, ZAC, Eli Iwasa, Glenn, Illusionize, Lcio, Tessuto, Alex Stein, Victor Ruiz, Gabe, Flex b, Barja, Dekel, Talpa, Rinkadink, Renato Cohen, Leo Janeiro dentre outros.