A experiência é o que molda nossos caminhos. Slow Motion construiu sua identidade sonora a partir de seus primeiros contatos com a música, ainda na infância. Cercado de influências, ele foi criando seu próprio gosto, transitando entre o Rock n Roll e o Hip Hop. Como tudo na música se complementa, logo surgiu o interesse pelo eletrônico, e sua bagagem foi aos poucos ganhando peso e consistência.
Como dito, somos transformados pelas experiências que vivemos, as quais nos proporcionam amadurecimento e insights para buscar novos horizontes. Recentemente, Slow teve um desses momentos durante sua viagem a Moçambique. Lá, teve a oportunidade de conhecer o estilo musical Amapiano, uma vertente anteriormente chamada de “Number” que vem crescendo significativamente nos últimos cinco anos em toda a África do Sul. O gênero é uma linhagem que tem sido tanto um pano de fundo para os tempos quanto um catalisador para a mudança no país. Sua criação foi influenciada pelo House Music em 2010 e sua sonoridade é uma fusão entre Deep House, Jazz e Lounge Music, caracterizada por sintetizadores e linhas de baixo percussivas.
Para Slow Motion, o que antes era mais urbano, com batidas sólidas e sobretons melancólicos, agora, após uma imersão no estilo Amapiano, se transforma em uma proposta mais envolvente, com BPMs mais baixos e muita musicalidade. O resultado desse estudo e nova roupagem é seu lançamento “Darling”, pela Ref City, sua própria gravadora, que marca um novo momento na carreira de Kaynã. A música é abrangente, com ritmos que abraçam a cultura brasileira, dando vazão a toda sua construção criativa, perpassando pelo Jazz, New Soul e pitadas de Afro House.
Slow Motion
Para entender esse novo movimento em sua carreira e também conhecer mais a fundo sua trajetória, chamamos Slow Motion para uma entrevista exclusiva. Vem saber mais!
1. Seja bem-vindo, Slow Motion, é um prazer conversar com você! Vamos começar falando sobre sua nova identidade sonora: qual foi o primeiro passo para esse movimento? O que te fez sentir que precisa adicionar novas referências ao seu som?
R: Acredito que com o tempo de carreira vivi e naveguei por diversas referências que moldaram meu processo criativo. A mais recente e que possui grande influência na construção do meu álbum foi o Amapiano; fui apresentado a essa sonoridade quando tive a oportunidade de visitar Moçambique e fiquei encantando com as melodias e baixos presentes nesse estilo, ao voltar para o Brasil pensei que seria um ótimo caminho conectar essas referências a minha identidade, estou muito feliz com o resultado.
2. Nos últimos anos, você fez colaborações que elevaram sua carreira a um novo patamar. Em algum momento, rolou uma insegurança sobre a mudança? O que permanece e o que não faz mais parte das suas produções?
R: Encaro tudo isso como um amadurecimento, escolhi isso pra minha vida e pretendo fazer música enquanto puder, durante essa trajetória é normal que aconteça mudanças e aperfeiçoamento, e é isso que apresento no meu álbum, um amadurecimento do minha identidade e técnicas que aprendi durantes os últimos anos.
3. Conte-nos um pouco sobre sua experiência com o estilo Amapiano em Moçambique. O que mais te inspirou? Quais elementos trouxe para sua musicalidade?
R: O som que marcou o início da minha carreira e da minha geração foi o Deep House, e mesmo com o som não estando tão em alta, a verdade é que nunca o abandonei, sempre esteve presente em meus sets e playlist. Ao ser apresentado ao Amapiano vi um caminho interessante a ser seguido, um som que remete ao Deep House, porém mais fresh e atual, um pouco mais carregado e percussivo.
4. Em “Darling”, você apresentou um jeito mais slow de produzir, misturando referências mais complexas, elementos de diferentes vertentes e com um toque abrasileirado. Como foi o processo criativo?
R: Como comentei todas as tracks do álbum possuem muitas referências do Amapiano, porém acredito que consegui dar um toque mais brasileirado com o baixo mais comum ao ouvintes brasileiros, vocais e femininos. Algo que sempre esteve presente em minhas produções e deixei um pouco de lado, como elementos afros e foquei mais na estrutura e composição das tracks.
5. Após uma sequência de lançamentos em grandes gravadoras, você optou por lançar “Darling” em sua própria gravadora, Ref City. Existe um motivo específico para essa escolha? Quais são os planos para o selo em 2024?
R: É um desejo e algo que venho conversando com meu time, acredito muito em minhas produções e no potencial de alcance que elas possuem, a Ref City surge com esse objetivo de me dar liberdade para para criar meus próprios caminhos e para que eu possa ter mais controle sobre aquilo que produzo.
6. Para finalizar, pode nos dar algum spoiler dos próximos projetos?
R: Estou preparando uma gravação de set especial no Castelo do Café, no interior de Minas, um dos locais que mais me acolhem e sou bem recebido, desta vez vamos gravar em frente a cachoeira, será um projeto muito especial.
Por Carol Carlos