Por Mylena Duarte – edição Lu Serrano
Foto de abertura: divulgação
Flo Massé é um dos destaques da cena eletrônica brasileira. A artista franco-brasileira é baterista de formação e tem a música correndo em suas veias, tanto que, ao tocar, ela parece dominar as baquetas em suas mãos. Trazendo a intensidade e o groove contínuo que as bateras exigem, Flo transmite para os toca-discos e as CDJs toda a sua sonoridade que conta com repertório extenso.
Seu pontapé nas pick ups foi em maio de 2018, na festa carioca Íntima. De lá pra cá, imprime uma assinatura forte em seus sets sólidos, que passeiam sutilmente pelo house, breakbeats, acid, minimal e trance. Residente do seu coletivo autoral Pulso, e das labels 4Finest Ears e Nobii Records, Flo vive hoje um momento ímpar em sua carreira.
No início de agosto deste ano, a artista partiu para a sua primeira turnê pela Europa, se apresentando em festas e festivais de Berlim, Londres, Paris, Lyon e Bordeaux. Na sequência, engatou o seu primeiro Boiler Room em São Paulo, projeto encabeçado pela crew paulistana da M-S Live e que, recentemente, foi lançado no canal do projeto no YouTube, arrancando suspiros e elogios de quem presenciou o set e de quem conferiu a apresentação de casa.
E, não para por aí! Estreou no Rock In Rio, no palco New Dance Order, no primeiro dia do festival. Olha a responsa!
Batemos um papo com Flo Massé sobre a sua participação no Boiler Room para entender mais sobre a visibilidade que a apresentação lhe proporcionou e aguçar os sentidos para curtir esse set que foi uma explosão de energia e de alto astral!
HM – Falando sobre a sua apresentação no Boiler Room, o que você sentiu quando recebeu o convite?
Quando recebi o convite em maio desse ano, eu fiquei extremamente emocionada e agradecida! Eu já tinha sido avisada que o meu nome estava entre aqueles indicados para fazer o Boiler Room, mas, eu não coloquei muita esperança até receber o convite oficial. Nesse dia, fiquei emocionada demais!
Eu já havia recebido um convite para tocar no Boiler Room em fevereiro de 2020, no Rio de Janeiro, logo antes da pandemia. Infelizmente, o Boiler Room foi cancelado no Rio, pois, na época, o Crivella proibiu a realização do evento no Museu de Amanhã. Lembro de ter ficado muito triste, mas, confiei que era para ser assim e que o Boiler Room surgiria no momento certo. E aconteceu!
HM – Como foi a escolha do repertório do seu set?
Eu voltei da Europa na semana do meu Boiler Room, então, a escolha do repertório foi feita nos dias anteriores ao Brasil. Eu queria mostrar um pouco de tudo que eu amo tocar e passear nos estilos que mais me representam atualmente. Fiz uma seleção de discos que eu sou apaixonada e algumas novidades que comprei durante a minha tour na Europa.
Montar um set de 1h15 não é simples, mas a seleção fluiu naturalmente: comecei com house, e fui para o acid, trance e breakbeat. Um bom resumo do que amo tocar nas festas!
Como a maioria dos discos que comprei na Europa chegou só na véspera do Boiler Room (perderam as minhas malas em Paris!), eu pude treinar muito pouco, mas, foi o suficiente para me sentir à vontade no dia. Fiquei bem feliz e segura com essa seleção.
Foto: divulgação
HM – Foi uma apresentação em vinil, muito bem executada, e pouco se vê no Brasil DJs se apresentando com discos. Conta mais sobre essa decisão.
Assim que eu soube do Boiler Room eu já queria fazer a maioria da minha apresentação de vinil. Coleciono vinis há três anos, e tocar de vinil é realmente uma pegada que eu curto muito. Eu acabo ouvindo a música de outra forma, de maneira mais profunda. Era muito importante para mim apresentar um pedacinho da minha coleção no Boiler Room.
A pesquisa analógica é bem mais demorada que a digital, e sempre me dá uma satisfação imensa em tocar meus vinis, escolhidos a dedo.
HM – A pista no seu set estava bem enérgica e animada (o vídeo fala por si), conta como você se sentiu vendo o público curtindo muito o seu som?
Acho que não teve um dia sem que eu pensasse e me projetasse no Boiler Room, desde que recebi o convite. Eu queria muito estar cercada por pessoas amadas, e só imaginava os melhores cenários possíveis para esse dia tão especial. Na semana antes do evento, eu me emocionava todos os dias por ter essa oportunidade incrível de mostrar o meu trabalho para o mundo. Eu estava extremamente animada e feliz no dia e trouxe toda essa energia positiva para o Brasil. Quando coloquei a primeira track e senti a energia crescendo, o público gritando e vibrando comigo, foi tão maravilhoso! A troca foi muito especial do início ao fim. Foi um círculo virtuoso de euforia: cada pulo meu animava mais o público, e cada grito do público me dava mais energia. Inesquecível!
HM – Como está sendo a repercussão pós Boiler Room?
Estou extremamente feliz com toda repercussão do Boiler Room até hoje! Foram mais de 16 mil views em uma semana e centenas de mensagens recebidas no meu Instagram de pessoas que se identificaram muito com meu som e a minha apresentação. O Brasil é uma bela celebração dos meus quatro anos de carreira (que parecem uma vida inteira!): foram quatro anos de muita dedicação e trabalho, e colher os frutos dessa forma é realmente incrível. Logo após o lançamento on-line do Brasil, recebi vários convites para tocar em festas e festivais na Europa, e já estou planejando a minha tour para o verão europeu de 2023. A repercussão do Brasil está sendo muito boa para a minha carreira!
HM – Planos futuros, o que podemos esperar da Flo Massé?
Quero continuar proporcionando momentos de felicidade para os amantes de música eletrônica e seguir sendo eu mesma dentro e fora dos palcos. Desejo multiplicar essas minhas apresentações pelo mundo! Também gostaria de lançar as minhas próprias músicas em breve, sem ter que desfocar da pesquisa e da produção das minhas duas festas de coração: 4Finest Ears e Pulso. Além disso, estou pensando em montar um projeto live, para poder tocar percussão ao vivo também! Podem esperar muita novidade para os próximos anos!