Por Rodrigo Airaf
Uma das glórias da globalização é o aprofundamento do conceito de “comunidade”. O uso do termo, porém, não deve ser reduzido apenas a conectar pessoas com interesses semelhantes. Uma comunidade oferece aos seus integrantes a oportunidade de contribuir para a diversidade e aprendizado contínuo a partir da propulsão do talento. Para labels como a Recovery Collective, comunidade não é o meio ou o fim, é o seu valor-chave.
A estrutura suportiva desta label australiana vem notando há 10 anos o trabalho de artistas emergentes, a fim de provê-los com suas plataformas, recursos e orientação para crescer. Desde que foi criada até hoje, a Recovery Collective trabalhou com mais de 120 talentos de todos os continentes, resultando em quase 150 lançamentos englobando variadas vertentes, do melódico ao deep, do breakbeat ao techno. É possível compreender a amplitude sonora deste catálogo através de faixas como “Dustpig“, de Fabrication, o “Picture“, de Eleonora, e “Crown of Helios“, de Tophee.
Jiayden Mills
Esse modo de operar da label reflete por completo o modo de viver do seu criador, Jiayden Mills. Cumprindo uma agenda incansável de atividades na cena, entre promoção de eventos, design gráfico, direção criativa, agenciamento de artistas e, é claro, gerenciamento de label, seu apreço por promover conexões em nível global eleva-se na mesma medida que a sua vida como nômade digital – alguém que largou a forma tradicional de trabalhar para circular o mundo atrás de experiências.
“Boa parte da minha vida está em torno de música e arte. Trabalhar com a label e cada um dos artistas ao redor do mundo me permite descobrir novos sons, explorar novos territórios e semear novas conexões”, conta Jiayden. Ele é natural da vibrante cidade de Melbourne e ainda tem fôlego para fazer turnês constantes com sua faceta artística JYDN, um trabalho que é apoiado por nomes como Sasha, Above & Beyond, Robert Babicz e Guy Mantzur. Abaixo, seu set em Lagos, Portugal, 100% amparado no repertório da label:
Este ethos comunal, aliado à curadoria perspicaz de Jiayden, levou a Recovery Collective às Top 3 labels do Beatport em 2020 – chegando atrás apenas das gigantes Afterlife e Diynamic, o que representa um grande feito para uma label que tanto busca promover talentos ainda em ascensão, levando em conta a qualidade ao invés da quantidade.
“Nós valorizamos artistas que estão não apenas procurando uma gravadora, mas um parceiro colaborativo em sua jornada artística. Os gostos e tendências musicais evoluem, então tentamos nos manter à frente da curva. Valorizamos a originalidade e a capacidade dos artistas de misturar elementos tradicionais com influências modernas, criando um som que é, ao mesmo tempo, familiar e refrescante”, comenta Jiayden.
JYDN & Amuze, fundadores do Recovery Collective, tocando no Babylon Festival, Austrália
Brasil ??Recovery Collective
Os brasileiros têm grande força no ecossistema da label – é, na verdade, o segundo país com mais lançamentos por lá depois da Austrália. “Nossa jornada começou em 2014, em meio à crescente onda dos sons característicos do ‘techno brasileiro’ que surgiam na época em São Paulo, um som que foi trazido para o centro das atenções globais por artistas inovadores como Alex Stein e Victor Ruiz. Seus ritmos dinâmicos e pulsantes serviram como um farol, orientando nossa direção inicial e inspirando nosso ethos“, conta Jaydien.
De fato, o som brasileiro é protagonista no arsenal musical da Recovery Collective. Entre os artistas que lançaram por lá estão nomes inconfundíveis, como Groove Delight, FlexB, K.A.L.I.L., Kraft e Spuri, além de talentos que chamam a atenção pela qualidade de produção, como Gabriel Moraes, Thayana Valle, Allan Alks e Athos Araujo. No exato momento desta publicação, inclusive, o lançamento vigente é do IAELL, com o single “Far Away“.
Fortalecendo esse relacionamento profundo com a musicalidade eletrônica brasileira, a Recovery Collective prepara-se para levar alguns de seus artistas até a próxima edição do Universo Paralello, no período de Réveillon, além de reunir os integrantes de Florianópolis e São Paulo. “Estamos finalizando os detalhes do que vai acontecer nessas cidades, mas esperamos que faremos muito barulho e reuniremos partes de nossa comunidade brasileira para mais momentos de diversão juntos”, conta Jiayden.
Turnê mundial – strong together
Os próximos meses da Recovery Collective prometem reafirmar a grandeza de sua atuação no cenário e reforçar sua conexão global de talentos através de uma turnê mundial. “Este é um momento muito importante para a label e estou trabalhando duro para que aconteça. Compilei uma lista de cerca de 30 showcases ao longo do ano que vem, trabalhando com artistas e espaços com quem construímos relacionamento na última década, além de estabelecer novos horizontes com novos lugares”, ele diz.
Tendo como slogan uma frase pertinente para o propósito da label – “Strong Together”, ou “Fortes Juntos” – a variedade de cenários surpreende nesta turnê que será, segundo Jiayden, uma “homenagem a toda a evolução do selo”. Tudo começa nas vibrantes e calorosas cidades australianas e parte para uma agenda incessante pela Indonésia, Portugal, Alemanha, Argentina, Holanda, Reino Unido, Emirados Árabes, Canadá, México, Nova Caledônia, Suécia, Espanha, África do Sul, Montenegro e mais.
A depender de sua equipe e seu trabalho focado, esta será a sequência de eventos necessária e merecida para desfechar a década que passou e se preparar para os próximos 10 anos de plena dedicação à dance music. “Minha maior lição nesses anos é que você tem que ir e buscar o que você quer atingir nesta vida, tudo é possível se você se mantiver fiel a si e acreditar na sua visão”, completa Jiayden.
ENGLISH
10 years of melodies and global connections: the colossal journey of Australian label Recovery Collective
Weeks before heading to play at Universo Paralello alongside another 10 artists from his previous roster, we spoke with Jiayden Mills about what’s behind the label’s consistent development within electronic music culture
Rodrigo Airaf
One of the glories of globalization is the deepening of the concept of “community”. The use of the term, however, should not be reduced to just connecting people with similar interests. A community offers its members the opportunity to contribute to diversity, continuous learning and the propulsion of talent. For labels like Recovery Collective, community is not the means or the end, it’s the core value.
The supportive structure of this Australian label has been noticing the work of emerging artists for the past 10 years, in order to provide them with platforms, resources and guidance to grow. Since it was created until today, Recovery Collective has worked with more than 120 talents from all continents, resulting in almost 150 releases covering various sounds, from melodic to deep, from breakbeat to techno. It is possible to comprehend the sonic latitude of this catalog through tracks such as “Dustpig“, by Fabrication, “Picture“, by Eleonora, and “Crown of Helios“, by Tophee.
Jiayden Mills
This label’s modus operandi reflects the way of life of its creator, Jiayden Mills. Fulfilling a tireless schedule of activities in the scene, including event promotion, graphic design, creative direction, artist management and, of course, label management, his appreciation for promoting connections on a global level gets elevated in the same way as his life as a digital nomad – someone who left the traditional way of working to travel the world in search of experiences.
“A large part of my life is around music and art. Working with the label and each of the artists around the world allows me to discover new sounds, explore new territories and foster new connections”, says Jiayden. He is originally from the vibrant city of Melbourne and, besides all the work with Recovery Collective, still has the energy to tour constantly with his artistic facet JYDN, a work that is supported by names like Sasha, Above & Beyond, Robert Babicz and Guy Mantzur. Below, his set in Lagos, Portugal, 100% based on the label’s repertoire:
This communal ethos, combined with Jiayden’s insightful curation, made Recovery Collective one of Beatport’s Top 3 labels in 2020 – coming in behind the giants Afterlife and Diynamic. That represents a great achievement for a label that seeks to promote so many talents that are on the rise, taking into account quality rather than quantity.
“We value artists who are not just looking for a record label, but a collaborative partner on their artistic journey. Musical tastes and trends evolve, so we try to stay ahead of the curve. We value artists’ originality and ability to blend traditional elements with modern influences, creating a sound that is both familiar and refreshing”, comments Jiayden.
JYDN & Amuze, the two founders of Recovery Collective, playing at Babylon Festival in Australia
Brasil ??Recovery Collective
Brazilians have great strength in the label’s ecosystem – it is, in fact, the second country with the most releases in their catalog after Australia. “Our journey began in 2014, amidst the rising tide of signature ‘Brazilian techno’ sounds emerging at the time in São Paulo, a sound that was brought into the global spotlight by groundbreaking artists like Alex Stein and Victor Ruiz. Their dynamic, pulsating rhythms served as a beacon, guiding our initial direction and inspiring our ethos,” says Jiayden.
In fact, the Brazilian sound is a protagonist in Recovery Collective’s musical arsenal. Among the artists who launched there are unmistakable names, such as Groove Delight, FlexB, K.A.L.I.L., Kraft and Spuri, as well as talents that draw immense attention for their production quality, such as Gabriel Moraes, Thayana Valle, Allan Alks and Athos Araujo. At the exact time of this publication, the label promotes IAELL’s single “Far Away“.
Strengthening this deep relationship with Brazilian electronic music, Recovery Collective is preparing to take some of its artists to the next edition of Universo Paralello, during the New Years, in addition to bringing together members from Florianópolis and São Paulo. “We are finalizing the details of what will happen in these cities, but we hope that we will make a lot of noise and bring together parts of our Brazilian community for more fun times together”, says Jiayden.
The World Tour – Stronger Together
The next few months for Recovery Collective promise to reaffirm the greatness of its performance on the scene and reinforce its global connection of talents through a world tour. “This is a really important moment for the label and I’m working hard to make it happen. I’ve compiled a list of around 30 showcases over the next year, working with artists and venues we’ve built special relationships with over the last decade, as well as establishing new horizons with new places”, he says.
With a phrase relevant to the label’s purpose as its slogan – “Stronger Together” – there is a surprising variety of scenarios for this tour which will be, according to Jiayden, a “tribute to the entire evolution of the label”. It all starts in the vibrant and warm Australian cities and sets out on an incessant schedule through Indonesia, Portugal, Germany, Argentina, the Netherlands, the United Kingdom, the United Arab Emirates, Canada, Mexico, New Caledonia, Sweden, Spain, South Africa, Montenegro and beyond.
As far as what depends on his and his team’s focused work, this will be the necessary and deserved sequence of events to put a happy closure to the past decade and prepare for the next 10 years of full dedication to dance music. “My biggest lesson over these years is that you have to go and get what you want to achieve in this life, anything is possible if you stay true to yourself and believe in your vision,” adds Jiayden.