A dança ótica de Artisian, nome por trás dos vídeos virais do brasileiro Mochakk

Por Lu Serrano 

Foto de abertura: Ana Camargo

Há alguns meses, um vídeo do DJ e produtor Mochakk tocando “Roll Play”, do Pawsa, no El Fortin, em Santa Catarina, viralizou não só pela hipnótica performance, mas, também pelos ângulos, movimentos e cortes extremamente sensíveis e autorais.

Na sequência, o artista emplacou novos vídeos com esse olhar da pista e com um match perfeito com cada passo do brazuca em cima do palco, refletindo timbres e ápices da música. É como se o responsável por captar a apresentação conseguisse traduzir melodias e a vibe das tracks, se antecipando por conexão ao que vai acontecer, em uma sincronia semelhante a um duo, de DJs ou ao que mais parece, de dançarinos. Será que está aqui o segredo?

Natural de Goiânia, Pedro Moraes de Nadai aka Artisian tem 23 anos e tem dado o que falar com a sua ótica singular e que está se tornando cada vez mais referência na cena da música eletrônica nacional. “Os vídeos não têm edição, é tudo feito na mão na hora da gravação. O zoom e o acompanhamento da câmera, sou eu quem faz, ali, no meio da galera mesmo”, revela.

Não há nada ensaiado ou combinado, é apenas o flow e a ligação mental entre o videomaker e Mochakk, que se permitem mergulhar juntos na história dos sets. Batemos um papo com o filmmaker e “nikonzeiro de plantão” para conhecermos melhor a sua trajetória que passa pelo funk, pelo lifestyle do desande e pelo rap; a sua conexão com Mochakk; seus planos futuros; curiosidades sobre a sua forma de enxergar os sets, e muito mais. Confira!

HM – Quando você começou a se interessar pela profissão de videomaker e fotógrafo – você fotografa também, certo? Como foi esse início?

Sim, eu fotografo também e eu comecei brincando com uma câmera da minha tia, quando eu era criança ainda e eu não consigo nem imaginar como que ela tinha coragem de deixar os equipamentos dela na minha mão [rs]. Então, acabou que minha vida inteira eu tive contato com câmeras.

Mais pra frente, quando eu tinha 15 anos, eu tinha muita vontade de tirar foto e gravar os vídeos da minha galera que andava de skate comigo, e foi aí que eu comprei minha primeira, era uma Nikon D5200. Inclusive, a paixão e escolha por Nikon é 100% culpa da minha tia, eu acostumei com o som que ela fazia quando tirava foto, e quando ouvi uma Canon, não gostei.

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Mochakk – Foto: Nadai

HM – Atualmente você trabalha com o Mochakk, mas, anteriormente, com quem e onde já trabalhou?

Hoje trabalho com o Mochakk, mas dependendo dos eventos e line ups, dá pra encaixar se formos tocar no mesmo lugar.

Antes eu trabalhava com funk, Baile do Mário era o nome do grupo, foi lá que comecei a pegar estrada. Depois que saí do baile, e já aproveitando que estava próximo da galera da cena eletrônica, passei a andar com eles. Passei um tempo só coletando material e me aproximando da galera.

Fiz Illusionize, Furlan, Visage, Douth!, Volkoder, Wina, Breaking Beattz, Cour T.,  Gloovez, BeMore, Amine Edge, Classmatic, Eli Iwasa, Victor Lou, Jay Mariani, Cesar Nardini, DJ Glen, Almanac, Lagum, Xamã, Sidoka, Natu Rap (entre outros).

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Foto: Nadai

HM – Música eletrônica: você sempre esteve inserido nesse universo?

Como disse anteriormente, comecei no funk, mas fui me aproximando dos meninos da cena do desande nesse meio tempo, quando fui ver, já estava imerso no meio de tudo. Isso porque antes, eu nem ouvia música eletrônica.

HM – Quando você começou a trabalhar com o Pedro, quando percebeu que deveria investir em vídeos e fotos com a sua identidade? De onde vieram as referências e inspirações?

A realidade é que, durante a pandemia, a gente trocava ideia pelo Discord e tal, e eu morava em Goiânia ainda, mas, a gente conversou que tinha que fazer um trampo junto, porque eu tinha uma visão de como fazer os vídeos dele que não tinha sido trabalhada.

Acabou que nesse meio tempo eu me mudei para São Paulo e rolou fazermos um trampo junto. Aí, deu no que deu.

Sobre a questão das referências fica difícil de pontuar, a gente acaba absorvendo de todos os tipos de produções e elas acabam refletindo na nossa vida de uma forma geral.

 

@mochakkmusic

Oh Shit! 🤯

♬ som original – Pedro

 

HM – Conta um pouco sobre como foi o vídeo de “Roll Play”, do Pawsa, com o Mochakk tocando no El Fortin que viralizou. Você esperava essa repercussão?

Assim, eu sabia que o vídeo tinha ficado bom, mas, realmente, não esperava a proporção que isso iria tomar. Até hoje é meio surpreendente os resultados e reações que isso trouxe pra gente.

HM – Conta pra gente uma curiosidade sobre esse vídeo. Existe algum segredo para um vídeo viralizar?

Poxa, eu não sei pontuar exatamente, mas consigo dizer sobre o vídeo do El Fortin, dá pra sentir a energia daquele vídeo todo, por causa do Mochakk, da câmera, da galera, CO2, tudo ali contribuiu para o resultado que a gente teve.

 

@mochakkmusic

We Can Role Play, Anything goes…

♬ som original – Pedro

 

HM – Como é ver hoje vários artistas e videomakers seguindo a sua linha de gravação e edição?

É gratificante pra caramba ver toda a galera fazendo, me sinto bem demais. É muito bom ver até quem consegue se aproximar mais e quem se aproxima menos do que eu faço nos vídeos. Tem uma coisa que uma galera não pega as vezes, o vídeo todo não tem nenhuma edição, é tudo feito na mão na hora da gravação. O zoom e o acompanhamento da câmera, sou eu quem faz, ali, no meio da galera mesmo.

HM – Como você e o Pedro alinham esse trabalho de produção de conteúdo? 

Ah, não tem nada muito conversado não, ele faz o que ele sempre fez e eu traduzo aquilo com o audiovisual. Uma coisa que conecta a gente e deixa tudo mais prático é o fato de que nós dois dançamos, então existe uma conversa mental entre eu e ele que simplesmente faz as coisas funcionarem. É como se eu soubesse o que ele vai fazer antes de qualquer movimento acontecer.


HM – O que não te contaram sobre a vida de um videomaker na cena da música eletrônica?

Não me contaram que eu ia conhecer tanta gente boa pra trocar ideia, dar suporte, pedir opinião. É uma família enorme isso aqui, e é muito bom ver como todo mundo, o tempo todo, se apoia.

HM – Você pensa em desenvolver outros projetos paralelos à sua parceria com o Mochakk? Quais são os próximos passos do Nadai?

Bom, eu tenho meu projeto como DJ e produtor também, que seria o Artisian, tenho alguns releases marcados, mas, por enquanto, seguimos somente com sets para o público ouvir mesmo. Por enquanto, eu quero viver isso que tá rolando agora, aproveitar as idas e vindas e me estruturar para conseguir tocar meu projeto musical com uma boa base.

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Nadai – Foto: Enzo Marchetti

HM – O que você falaria para quem está pensando em iniciar nessa área de fotografia e vídeo?

Você nunca vai saber de tudo e sempre existem outras formas de fazer o que você já faz. Estudo é muito importante, a prática mais ainda. Carregue sua profissão da mesma forma que carrega seu nome, os dois estão permanentemente entrelaçados um ao outro, então, cuide bem.


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