Por Vinicius Santiago
Foto: divulgação
As mulheres são uma das maiores forças criativas da indústria do entretenimento. Na cena Tribal, por exemplo, elas têm logrado posições de destaque cada vez maiores numa relevância que projeta, dia após dia, vários nomes do nosso país para o mercado internacional. Entretanto, tal qual em outros segmentos da sociedade, as histórias de protagonismo dessas artistas são marcadas por trabalho duro e luta diária contra sistemas que não propõem as mesmas oportunidades em comparação aos homens. Num cenário que ergue-se de forma predominantemente alfa – homem, alto, forte, com padrões estéticos minuciosamente pré-concebidos – são elas que nadam contra a corrente e dão as cartas de um novo jogo. Para o CEO da empresa de agenciamento artístico Lainer Company, João Paulo Lainer, o sucesso dessas meninas abre espaço a um debate importante sobre construção de mercados heterogêneos: “O fato de haver mulheres dominando a cena Tribal voltou o nosso olhar a para urgência de equipará-las numa cena predominantemente masculina. Hoje, em nosso casting, contamos com artistas mulheres de vários perfis para, muito mais que abrir caminhos, conseguirmos oferecer amplitude no que tange à diversidade do público alvo”, comenta. Ele entende que ainda que novos ventos tragam mudanças, há um longo trabalho a ser feito para que ambos tenham a mesma proporção. E nesse campo, para além do talento, a palavra de ordem é coragem. Conheça algumas artistas do gênero e suas carreiras de sucesso:
Karol Figueiredo: Natural de Goiânia, a artista tornou-se uma das grandes revelaçoes do Tribal, com datas concorridas dentro e fora do Brasil. No último ano, ela ocupou a 23ª posição num ranking que destaca, por meio de votação popular, as maiores DJs da América do Sul. Seus sets repletos de energia, carisma e vocais, fazem a galera dançar (e cantar) do início ao fim. Para ela, ser uma mulher na cena é uma vitória com quê de responsabilidade: “Quando uma mulher ocupa um espaço de protagonismo, ela abre caminho para que outras dividam esses espaços. Isso provoca a vontade de vermos mais de nós nesse lugar e a responsabilidade de construir um legado através de outros nomes que venham a surgir”, enfatiza.
Dri Toscano: Com 14 anos de carreira recém-completos, a carioca já passou pelos maiores selos do Brasil, além de apresentações no Chile, Colômbia, Portugal, Reino Unido, Irlanda e França. Já esteve no line de eventos grandiosos como Chemical Festival e Rio Music Conference. Com sua multifacetada leitura de pista, ela passa por vocais marcantes e grandes clássicos que movimentam as pistas de forma surpreendente.
Liza Rodriguez: Comunicadora Social de formação e musicista por vocação, a artista saiu de Brasília em 2013 e logo ganhou o mundo. Residente dos selos internacionais VIVABA e Massive Music Group, nos Estados Unidos, Liza precisou interromper seus trabalhos em 2018 para lutar contra um câncer e, assim que voltou aos palcos, mostrou que permanece sendo uma das mais fortes representantes femininas na cena eletrônica.
GIRL POWER DENTRO E FORA DOS PALCOS
Concebido em 2020 pela Lainer Company, o projeto “Latinas” está de volta com uma nova formação. A collab reúne três Djs de estados diferentes e investe no tempero regional de cada artista para criar uma atmosfera de versatilidade, diversidade e empoderamento feminino. Composta pela brasiliense Gi Moreci, a carioca Naya e a goiana Suzy, a turnê planeja rodar o Brasil ainda 2023, celebrando o repertório e a história de cada uma das integrantes: “O projeto ‘Latinas’ é uma celebração à cultura diversa do nosso Brasil, à presença marcante da mulher na música e ao nosso público queer. Para tornar isso ainda mais real, chamamos artistas mulheres, LGBTQIAP+, de regiões distintas e personalidades muito peculiares para desaguarem tudo isso num mesmo espaço, o Tribal House. A química dessa formação é incrível e as apresentações certamente serão tão surpreendentes quanto”, aponta seu idealizador, JP Lainer. Para a primeira performance, marcada para outubro em Goiânia, haverá grandes surpresas, como a passagem de bastão da formação antiga – composta pelas djs Karol Figueiredo, Lizi Soares e Van Muller – para as novas integrantes, que seguirão com a turnê da formação atual. O primeiro grupo, nascido em 2020 junto com o projeto, passou apenas um ano em turnê pelo país. A ideia era desenvolver estratégias ainda maiores, o que foi impossibilitado pela pandemia: “Logo quando começamos com o ‘Latinas’, começou a pandemia e as medidas de distanciamento que paralisavam as agendas de eventos. Isso impossibilitou que cumpríssemos todos os planos da turnê com as primeiras meninas, que agora serão concretizados nessa nova formação”, afirma JP.