Conversamos com Pic Schmitz e Fran Bortolossi, idealizadores da Born, nova festa conceito no quarto distrito de Porto Alegre.

Por assessoria

Foto de abertura: divulgação

Após anos de quase inexistência da cena clubber na capital gaúcha, está surgindo novos eventos focados em música eletrônica conceitual. Porto Alegre sempre foi uma cidade pioneira e underground, seja no Rock, seja na Dance Music, e agora conta com mais uma opção. Intitulada ‘’Born’’, a nova festa acontecerá mensalmente dentro do recém inaugurado clube Bash, que recebeu investimentos da ordem de R$ 3,5 milhões. O clube se encontra no 4° Distrito, região revitalizada pela prefeitura da cidade com o intuito de criar um agitado circuito de bares e baladas.  

Com esse espaço em estilo industrial, os renomados DJs Fran Bortolossi e Pic Schmitz, viram a oportunidade de criar uma nova festa eletrônica com artistas conceito. A inauguração ocorreu em julho e já conta com uma segunda edição dia 19 de setembro. Conversamos com os artistas para entender mais detalhes da festa.  

Até a pandemia nós vimos um grande declínio da cena clubber ao redor do mundo. Agora, a cena eletrônica parece estar ganhando uma nova oxigenação. Como vocês tem percebido essa mudança? 

 

A pandemia de fato fez muita coisa ser repensada na vida de cada um, inclusive nas músicas que escutamos. Ela também fez com que as pessoas buscassem uma sonoridade mais leve, por vezes mais introspectiva, e isso com a volta das festas começou a se refletir nas pistas de dança. A música eletrônica, então, começou a atingir novas pessoas, assim como as festas de música eletrônica que ganharam mais espaço e mais adeptos. 

 

O Rio Grande do Sul historicamente sempre foi um celeiro de grandes DJs e clubes de importância, porém a capital passou por uma fase onde praticamente não havia opções de música eletrônica. Quando vocês perceberam uma nova demanda para criar a Born?

Existem movimentos cíclicos em diversas cidades, não só no Rio Grande do Sul. Já vimos cidades como Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Curitiba estarem cheias de clubs e em certo momento não terem mais quase nenhum. E daqui a pouco voltarem a ter. No RS isso também ocorre, assim como a migração, de tempos em tempos, de festas em locais provisórios e abertos para clubs. Tudo isso é um movimento natural. Mas alguns clubs como Fim de Século, Spin, Liquid, por exemplo, falando de Porto Alegre, marcaram época e isto traz em algumas pessoas uma certa saudade de um local recorrente para curtir e dançar. Frequentemente se vê pessoas lembrando com saudades de festas em locais como os que citei. E foi a intenção de criar um projeto de música eletrônica em um club que fez com que criássemos a Born. 

 

 

Poderiam explicar um pouco melhor sobre o formato de evento mensal dentro do Bash clube? 

 

Pic: A Born é algo meio híbrido, pois é uma festa eletrônica dentro de um club (Bash) que não necessariamente é um club eletrônico. Apesar do local ter toda uma ambientação que remete a clubs eletrônicos pelo mundo, mais industrial, o que faz ser uma estrutura bastante interessante para esse tipo de festa, passamos a desenvolver a ideia de criar uma festa recorrente, com uma periodicidade a cada 30/45 dias, onde poderíamos apresentar uma sonoridade house e suas vertentes, com DJs locais e convidados. Foi aí que nasceu a Born. 

 

 

Foi feito um grande investimento no local, poderiam falar mais sobre a estrutura? 

A Bash é um club que abriu suas portas em março de 2023 no quarto distrito, zona que atinge quatro bairros de Porto Alegre, alguns deles mais industriais, onde a prefeitura tem estimulado o desenvolvimento de uma nova zona de lazer com bares, restaurantes e casas noturnas nos últimos anos. Foi realizado um investimento de R$ 3,5 milhões em um pavilhão com 1.250m2 no bairro São Geraldo, onde funcionava uma espécie de oficina de vagões de trem em que eles eram içados para manutenção, e que possui um pé direito bem elevado. Ali foi criado um mezanino suspenso com capacidade para cerca de 500 pessoas onde funciona o club Bash. Na área abaixo, que dá acesso ao mezanino, está localizado um espaço multiuso com capacidade para cerca de 1.200 pessoas que pode receber diversos tipos de eventos. 

 

Já ocorreu o primeiro evento com um dos principais artistas da Argentina, Mariano Mellino. Foi dentro do esperado? 

O objetivo do primeiro evento era resumidamente que a pista acontecesse de forma positiva, ou seja, que o público entendesse a proposta da festa, curtisse o som e dançasse bastante. E pensando nisso, o objetivo foi atingido plenamente, pois os feedbacks foram os mais positivos. O próprio Mariano Mellino elogiou muito a vibe do público e o local. O público respondeu muito bem na pista! Queríamos deixar esse resultado no final das contas, que quem foi quisesse voltar na festa seguinte e quem não foi queira ir na próxima. Acho que atingimos isso. 

 

Como surgiu o conceito relacionado a linguagem de comunicação cyber punk?

Buscávamos para a Born um conceito em termos de linguagem que fosse moderno, mas não necessariamente totalmente novo. A referência cyber punk para comunicação, que foi uma sugestão do Fran Bortolossi abraçada por todos, agregava isso. 

 

Podemos dizer que a Born é um tributo a cena clubber dos anos 90 e 2000 da cidade e ao mesmo tempo se conecta com o futuro? 

É por aí, sim. Não podemos dizer que não somos inspirados pela cena clubber dos anos 90 e 2000 e que buscamos isso na Born. Mas por outro lado, vivemos novos tempos, uma nova sonoridade, é uma nova geração consumindo música eletrônica, então precisamos olhar pra frente, pro futuro. Por isso acaba sendo interessante a proposta da Born, pois ao mesmo tempo que temos coisas legais do passado para serem revisitadas, temos coisas novas para serem exploradas. 

 

 

O que podemos esperar do estilo sonoro proposto na Born? Um nome de progressive house já veio, quais outras frentes musicais serão apresentadas?  

Como dissemos, a ideia é que seja uma festa de house e suas vertentes. Trouxemos um nome do progressive house, mas podemos ter nessa mesma festa nomes do tech house ou de house mais clássico. Não queremos focar somente em um único estilo, mas eles precisam se conversar. 

 

 

Já foi anunciado a próxima data em 19 de setembro com um nome de peso como Kolombo, além do lendário Fabrício Peçanha. Qual a expectativa para o evento? 

 

Acreditamos que será um evento muito legal, reunindo dois artistas com uma longa história vinculada ao RS. Kolombo já se apresentou diversas vezes por todo Estado e fazem muitos anos que não toca em Porto Alegre. Fabrício fez história na cidade, tocando, produzindo eventos, e com certeza será muito legal ter essa cabine reunida no evento. Coincidentemente, é o mesmo line up do aniversário de 3 anos da Colours, que agora em 2024 completa 15 anos.  

Kolombo, Fabrício Peçanha e Fran Bortolossi. 

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