Por redação
Foto de abertura: divulgação
No meio da música eletrônica, tanto as releituras de clássicos de décadas passadas quanto as parcerias entre projetos individuais são comuns, e algumas ganham um brilho especial pela sinergia dos artistas envolvidos. É o caso das brasileiras Dani Vellocet e Marina Diniz.
DJs e produtoras (Dani também é cantora) com mais de 20 anos de carreira, as duas se encontraram e descobriram uma grande afinidade musical, sobretudo quando o assunto são as referências. Na última sexta-feira (16), lançaram pela DiVe sua quarta e nova collab: uma releitura houseira, com pianos e synths marcantes, para “Because The Night”, single de 1978 da cantora e compositora americana Patti Smith com Bruce Springsteen.
Falamos com a dupla para saber mais sobre o novo som e o afinamento entre elas no estúdio.
HM – Com “Because The Night”, vocês chegam à quarta música juntas — todas releituras. Falem mais sobre como se conheceram e como surgiu essa afinidade no estúdio entre vocês duas.
Dani – Nós nos conhecemos por causa da música. Fomos apresentadas por um amigo em comum e passamos a nos seguir no Instagram. Uma vez, a Marina postou a versão original de “The Promise”, eu comentei que estava começando a trabalhar num remix dessa música e perguntei se ela tinha interesse em participar comigo. Mandei um áudio meio tosco com meu vocal e ela amou. Ela deu a direção que a música precisava e assim demos o start na parceria. Com o tempo, fomos desenvolvendo uma amizade e descobrindo que temos muita afinidade musical. Muitas músicas que marcaram a minha adolescência, também significaram muito para a Marina. E geralmente são essas que escolhemos para trabalhar, assim como a “Because The Night”.
HM – O que “Because The Night” e Patti Smith significam para vocês?
Dani – “Because The Night” é muito marcante na minha carreira, pois a música fazia parte do repertório dos meus shows, que eu abria cantando acapella, para destacar a força dessa composição.
Marina – Além de amar a música e tê-la sempre presente em meu repertório, tenho uma admiração imensa por Patti, assim como uma afinidade nas suas referências de artes plásticas.
HM – Ao mesmo tempo em que deve ser incrível poder homenagear seus ídolos e músicas tão significativas pra vocês, também é um desafio e uma grande responsabilidade mexer com clássicos, não é mesmo?
Dani – Eu sempre tenho receio em regravar um vocal de uma voz da qual sou fã. Mas entendo que posso trazer um novo sentimento à interpretação, e isso me motiva. E também, ao trazermos a música para uma sonoridade mais contemporânea, faz com que ela permaneça viva e alcançando novos ouvidos.
Marina – Sim, é uma grande responsabilidade! Sei que gosto não se discute, e não existe certo ou errado nesse sentido, mas vejo remixes que acabam com as músicas, escolhas equivocadas! Fico desacreditada quando ouço. Penso: “Que crime o que fizeram!” (risos). Então, acabo tendo um cuidado redobrado para não cometer aquilo que condeno (risos).
HM – “Because The Night” é uma música que também fez muito sucesso a partir de releituras de outros artistas. Tem algum desses covers que vocês também curtam bastante?
Dani – Eu amo a versão do 10,000 Maniacs.
Marina – A versão do Co.Ro e Taleesa, acho frenética! Até ontem, era a versão que eu tocava! Bem boatchy, bate cabelo!
HM – Vocês têm conseguido lançar essas músicas nas plataformas digitais, o que sugere que elas foram autorizadas pelos respectivos donos dos direitos das faixas originais. Como é feito esse trabalho?
Marina – Como não usamos o fonograma e os vocais originais, precisamos pedir a liberação somente da obra, junto à editora que representa os respectivos compositores. Nós mesmas fazemos isso. Entramos em contato com essas editoras e solicitamos a liberação. É um pouco trabalhoso, mas é o jeito correto.
HM – Ambas parecem ter a nostalgia como um dos pilares de suas carreiras artísticas, trabalhando nos estúdios e nas festas com o resgate de diversos clássicos de décadas passadas. Seguir essa linha foi uma decisão estratégica, ou simplesmente algo que aconteceu?
Dani – Esse caminho é natural. Essas músicas são parte da nossa construção artística e acabam fazendo parte dos nossos lançamentos e sets. Mas, acho que apesar de acontecer de uma forma orgânica pra gente, tenho sentido isso como uma tendência. Muitos DJs do mainstream estão revisitando esses hits de décadas passadas.
HM – Como vocês enxergam a cena brasileira em 2023? Que aspectos consideram positivos e onde ainda precisamos evoluir?
Marina – Acho que estamos com grandes representantes “out there”! Tenho acompanhado o sucesso do Mochakk, que além de ter uma performance autêntica, tem um repertório maravilhoso, muita bagagem musical e conhecimento. Precisamos de mais artistas como ele, com excelência musical.
HM – Compartilhem com a gente uma história motivadora pela qual vocês já passaram, juntas ou individualmente, e que as fez acreditar mais ainda na música eletrônica e viver da cena.
Dani – Por mais que nós tenhamos vindo por caminhos diferentes, temos em comum a resiliência. Nós estamos há mais de 20 anos trabalhando com música. Passamos por muitos perrengues e frustrações. De verdade. Mas é o que amamos fazer. Então, seguimos acreditando, arriscando e sonhando. A consequência disso é que também pudemos celebrar muitas conquistas.
HM – Podemos esperar mais collabs entre as duas vindo aí? Que outras novidades teremos para 2023?
Marina – Sim! Estamos trabalhando em uma “balada” meio rock/folk, sucesso dos anos 90. A ideia é trazê-la pra pista, mas mantendo a emoção da letra e melodia. Ah, e com certeza iremos lançar uma faixa autoral em breve também.