Por Gabriela Loschi – colaboração de Lau Ferreira (Boreal Agency)
Foto de abertura: Guilherme Oliveira
No último dia 9, o Pavilhão do Anhembi, em São Paulo, voltou a receber a mais do que aguardada volta do DGTL em terras brasileiras. E em meio a headliners internacionais, como Amelie Lens, Len Faki e Dax J, estava um alemão chamado Michael, melhor conhecido como Innellea.
Depois de um set brilhante do duo brasileiro Binaryh, que deixou de bandeja uma pista redondinha, Innellea assumiu às 02h — horas depois de tocar no Warung Day Festival, em Curitiba — e entregou o que o público esperava: vários dos hits melódicos e potentes que o consagraram nos últimos anos, além de algumas músicas novas.
Após o live set, batemos um papo descontraído com o artista sobre o show, artistas brasileiros, caipirinhas alemãs, sua relação profunda com a cada vez mais popular Afterlife, do Tale of Us, e como foi o importante momento de transição em que seu então parceiro Daniel deixou o projeto, três meses antes da eclosão da pandemia do novo coronavírus.
HM – Você cresceu muito nos últimos dois anos, e agora está aqui no DGTL, tocando para muita gente que está empolgada com o que você vem construindo. Como foi vir para o Brasil? Não é a sua primeira vez aqui, certo?
É a segunda vez. Mas eu estava super ansioso para esses dois shows, porque eu toquei em Curitiba e então vim direto para São Paulo. Eu estava ansioso porque eu sabia que ambos têm uma grande produção por trás. Têm muita gente, eu amo o público brasileiro e pude apresentar minha live.
HM – Você já tinha algum relacionamento com o Brasil antes de tocar aqui?
Não muito, só um colega do meu pai era brasileiro e hoje mora na Alemanha. Ele era muito legal. E eu me lembro de que eles estavam sempre me falando que a caipirinha aqui é muito melhor do que na Alemanha (rs). Mas é só isso.
Innellea no DGTL São Paulo – Foto: Guilherme Oliveira
HM – O Afterlife está muito grande no Brasil, e você é um dos nomes da label que cresceram bastante. Como começou esse relacionamento entre vocês?
Na verdade, o primeiro lançamento que fizemos pela Afterlife — o EP “Vigilans” — era pra sair pela Innervisions. Mandamos para o Kristian [Rädle, do Âme] e ele a tocou numa festa com o Matteo [Milleri, do Tale of Us]. O Matteo ouviu as faixas e nos escreveu falando que as queria, e foi assim que começou.
E essa relação foi evoluindo, agora eu estou trabalhando em uma colaboração com ele, por exemplo. Nós viramos amigos. E sim, eu valorizo muito o que eles estão fazendo — é algo que nunca foi feito antes, eu diria. Eles estão rompendo limites e estou muito feliz em fazer parte disso.
HM – Isso foi antes da pandemia, certo?
Sim, o lançamento foi em 2018.
HM – Nessa época você não estava sozinho no seu projeto. E agora, mesmo solo, você segue lançando com eles.
Sim, exatamente. Começamos juntos, a decisão que tomamos [de separar] não foi fácil, mas tudo ficou bem, acho que para nós dois.
HM – E logo depois que vocês se separaram, veio a pandemia…
Sim. Três meses depois.
HM – Uau. Como foi essa transição?
Na verdade, se formos olhar sob uma perspectiva, digamos, financeira, foi bom termos separado, porque se você vai fazer um show, não precisa compartilhar [o cachê] e coisas assim. E o Daniel teve muita sorte de encontrar rápido um trabalho novo. Então ele me deu a chance de,. eu não sei, tipo pegar o que eu conseguir. Isso me ajudou muito, mas foi estranho. Você chega a se perguntar: “é o certo a se fazer? É possível seguir com isso?”. Mas, no fim, fiz o que pude para tirar as melhores coisas disso tudo. E acho que acabou sendo como um nascimento.
HM – O que você acha que te deu forças para continuar?
Eu diria que eu regulei a minha vida, a minha rotina. Acordar cedo, ir ao estúdio, fazer esportes.
Innellea – Foto: Guilherme Oliveira
HM – E depois de tudo isso, estamos finalmente voltando. Qual a mensagem mais importante que você tirou desses dois anos de pandemia?
Dê um passo para trás e reflita sobre o que está realmente acontecendo. Porque nós estamos numa espécie de roda em nossas vidas diárias, e acabamos não enxergando o que está realmente acontecendo. É sempre bom tentar ver as coisas por outra perspectiva. Então eu sinto que esses dois anos serviram muito para refletir.
HM – E como foi tocar no DGTL nesta noite?
Eu já tinha tocado uma vez no DGLT na Índia, então eu sabia o que esperar. E sim, tudo se cumpriu 100%. Foi incrível!
HM – Tem algum artista brasileiro que você vem acompanhando?
Já me perguntaram isso antes, e eu admito que não fico checando muito de onde os artistas vêm. Mas, claro, conheço o Binaryh, e conhecia a BLANCAh desde…
HM – Desde quando você lançou pela Steyoyoke…
Pela Steyoyoke, exatamente. E eu assisti a ela hoje.
HM – Muito legal. E o que vem por aí na sua carreira?
Daqui a alguns meses tem uma faixa muito esperada vindo através de um EP que vai ser lançado de forma independente. Eu já fiz isso umas duas ou três vezes. E depois disso, não sei, só quero continuar evoluindo e tentando ficar cada vez melhor.
HM – Última pergunta: como você trabalha o seu marketing em um lançamento musical?
Eu e meu manager, Sanny [Ehrhardt], encontramos uma maneira muito interessante. Nós vemos tudo como um projeto. Então um EP não é apenas um EP, é como um conceito. Isso me ajuda muito, porque é um jeito em que eu posso me expressar muito melhor do que apenas com a música. Posso criar uma experiência visual, posso criar, sei lá, um chapéu. Ainda não aconteceu (rs), só estou dando exemplos. Tipo, eu posso fazer algo que você vai escutar, vai ver, vai sentir. O pacote completo.
HM – Obrigada pelo papo!!