Por Adriano Canestri
O Spotify mudará sua forma de pagamento de royalties no primeiro trimestre de 2024. A medida visa minimizar ao máximo as fraudes e bots utilizados para reproduzir músicas automaticamente.
Segundo o Music Business World Wide, serão três mudanças principais no modelo de pagamento:
1. Introduzir um limite mínimo de reproduções anuais da faixa para começar a gerar royalties do Spotify;
2. Penalizar financeiramente os distribuidores de música, inclusive gravadoras, quando forem detectadas atividades fraudulentas nas músicas que eles postam na plataforma;
3. Introduzir um tempo mínimo de reprodução que cada faixa de “ruído” não musical deve atingir para gerar royalties.
Um pouco mais sobre cada medida
1. O tempo limite de reproduções para gerar royalties tem como objetivo desmonetizar uma porção de faixas que hoje geram menos de US$0,05 por mês.
Então você se pergunta, mas por que uma quantia tão baixa é um problema para uma empresa milionária como o Spotify?
As faixas que serão desmonetizadas representam 0,5% das músicas da plataforma, entretanto é um mercado em que mais de 100.000 faixas estão sendo lançadas todo dia, portanto representam um grande montante na conta final. Em suma, o Spotify projeta que cerca de US$40 milhões sejam economizados com essas faixas, podendo ser redistribuídos entre faixas e artistas mais populares, segundo a fonte do Music Business World Wide.
2. Hoje, o Spotify tem um sistema de segurança para detectar fraudes que considera o melhor entre as plataformas de streaming. A empresa continuará removendo as faixas que forem flagradas sendo impulsionadas de forma artificial como já faz, e passará a aplicar uma multa na distribuidora dessa faixa.
“A esperança é que essa dissuasão, com o tempo, signifique menos pessoas arriscando fraude de streaming no Spotify – e mais dinheiro entrando no pote para artistas reais e detentores de direitos se beneficiarem”, diz uma fonte do Music Business World Wide.
3. As batidas de ‘’ruído’’ não musicais (por exemplo, barulho de chuva, sons de meditação, canto de baleia etc.) hoje recebem o mesmo valor que músicas no Spotify.
Hoje, os autores de playlists deste estilo limitam os áudios a 31 segundos de duração, gerando assim o pagamento de royalties em todas as reproduções. A ideia do Spotify é aumentar significativamente o tempo mínimo para que seja monetizado este tipo de conteúdo.
Outra mudança nesse sentido é que a partir do primeiro trimestre de 2024 o pagamento de royalties para ruídos não musicais levariam oito vezes mais tempo para serem registrados.
O futuro
Com essas mudanças a partir do primeiro trimestre do ano que vem, o Spotify pretende realocar US$1 bilhão para artistas que fazem ‘’trabalhos reais’’ nos próximos cinco anos, como afirma o Music Business World Wide.
O MBW conversou com muitas fontes do mercado e certamente é muito difícil uma decisão como essa ser unânime para o bem ou para o mal, mas a sensação geral é de que o Spotify está dando um passo acertado.