Entrevista: Lutgens e sua trajetória promissora no techno

Por redação

Foto de abertura: divulgação

Um dos nomes da nova geração do techno nacional, Henrique Dutra, artisticamente conhecido como Lutgens, acaba de lançar seu novo EP ao lado do produtor francês Tom Eirh, marcando seu retorno para a Panterre Musique, gravadora onde já havia lançado meses antes com “Fear Of The Dark”.

Com quatro anos de experiência, o produtor paulista começou a se destacar assim que deu seus primeiros passos como produtor musical, emplacando algumas assinaturas internacionais. O mais recente feito é a colaboração de duas faixas, batizada de Addicted To The Pain. Dois cortes pesados de techno, mas que trazem um contraste entre si, mostrando a versatilidade e criatividade de ambos os produtores. A faixa-título é surpreendente.

Desde o ano passado, o jovem artista decidiu dar um boost em sua carreira e ingressar em cursos de mentoria para entender melhor o mercado fonográfico e a postura contemporânea da persona artística – o que, segundo ele, contribuiu e muito para que conseguisse se sentir mais seguro em arriscar ideias diferenciadas. Conversamos com Lutgens para saber mais sobre seu novo lançamento, seu momento na carreira e os próximos passos. Confira!

HM – Olá Lutgens, tudo bem? Primeiramente obrigada por esse papo. Pelo que lemos sobre sua trajetória, você conheceu a música eletrônica de pista no psytrance; tempos depois, o techno. Algum acontecimento especial que virou essa chave e fez você perceber que queria trabalhar com isso?

Fala rapaziada da House Mag, tudo ótimo. Eu quem agradeço pela oportunidade de falar com vocês. Quando eu ouvia mais psytrance, frequentando os eventos, eu já vinha fomentando em minha cabeça a ideia de produzir e tocar. Quando descobri o techno esse desejo aumentou muito, pois eu realmente me apaixonei, mas fui levando o plano, quando em 2017 resolvi deixar de fazer faculdade de jornalismo, para finalmente me dedicar a algo que eu sentia e tinha certeza que gostava. Foi a melhor decisão da minha vida.

HM – E afinal, por que techno? O que mais te atrai nesse estilo? 

A infinita possibilidade dentro das músicas, a gente ouve techno de vários estilos, formas e bpms e todos sempre com a facilidade de nos fazer dançar. Desde a obscuridade até a coisas alegres, com kicks gordos ou secos, muita ou pouca bateria, a energia é sempre muito forte. É livre, mas a gente sente e sabe que é techno.

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Foto: divulgação 

HM – Conta pra gente cinco artistas que são como mestres para você e cinco nomes da nova geração que todo techno-head precisa conhecer.

Mestres: Andre Salata, Matt Sassari, Wehbba, Harvey Mckay, Tarter. E da nova geração: hngT, Mauk, Maccari, Messaw, KaioBarssalos.

HM – Falando em mestre, soube que você fez o curso da Comunidade de Áudio do André Salata, não foi? Quais os resultados você tirou de lá? Sentiu que foi realmente importante para você?

Sim, entrei na comunidade do Andre Salata em março de 2020 e isso tem sido essencial para a minha evolução na produção musical. Sou muito grato a ele por disponibilizar tanta coisa boa para nós alunos e por nos ensinar com tanta dedicação e didática. Antes de entrar na comunidade eu batia muito a cabeça, ainda bato [rs], mas bem menos.

HM – Você faz parte da nova geração do techno e nos últimos anos vimos muitos nomes emergirem através da vertente aqui no Brasil. Na sua opinião, por que você acha que isso tem acontecido?

Cara, estamos todos nos dedicando muito. Estou sempre conversando com amigos produtores da nova geração e quase sempre estamos falando de produção musical, discotecagem, enchendo o saco um do outro para pedir ajuda, feedback, fazendo cursos. Acredito que seja muito por isso. Muita dedicação naturalmente traz bons artistas com um bom trabalho.

HM – Recentemente você teve um EP assinado pelo selo francês Panterre Musique e sabemos que uma gravura internacional é uma ótima maneira de expandir a carreira. Para você, o que é fundamental para se chegar em um selo?

Estudar muito, praticar mais ainda e quando sentir confiança no trabalho botar send no e-mail e esperar. Claro que essa confiança vem com o tempo, mas, é importante ter pessoas com um nível de conhecimento maior que o nosso para sempre estar nos dando feedback, mostrando onde podemos melhorar. E, principalmente, acreditar no trabalho. Eu sempre conto que quando enviei meu EP “Fear of the Dark” para eles quase apaguei as músicas 15 dias depois, pois achava que tinha algo que dava para melhorar e que não iriam gostar do som. Eu sentei no computador para apagar, mas apareceu algo pra fazer e deixei pra depois, acabei esquecendo de apagar e no dia seguinte tinha uma resposta de que queriam lançar o EP. Isso me mostrou que preciso acreditar na minha música e também pensar que se não tivessem gostado eu poderia enviar para outra gravadora depois. Nem sempre as músicas estão ruins, as vezes não fazem o estilo do selo.   

HM – E por falar nisso, você está retornando à Panterre com um novo projeto ao lado do francês Tom Eirh. Como foi que isso aconteceu? Quem é o artista dessa collab e como foi a troca de ideias entre vocês?

Então, conheci o Tom Eirh através da Panterre. Tivemos nossos releases individuais, gostamos das músicas um do outro, começamos a conversar pelo Instagram e decidimos fazer um EP pensando na Panterre Musique. Stephen Macias que é o A&R da gravadora adorou a ideia e nos incentivou. Fluiu muito bem o trabalho e em duas ou três semanas já tínhamos o EP pronto e alinhado com a gravadora. Tom Eirh é um artista fenomenal, com releases por gravadoras como Carti do Martin Books, Dolma, Stickrecordings. Ele tem um estilo bem particular ,mas que me identifiquei muito.

HM – Com o mercado de entretenimento dando seus primeiros sinais de vida após um longo hiato, o que você tem planejado para a retomada? Algum recado para os clubbers?

Em novembro começo a me apresentar (caso de fato possa ter eventos) e estou muito ansioso. Tenho esperado muito por finalmente ver e sentir como as pessoas reagem a minha música. Quero vê-las dançando como eu danço sozinho no estúdio [rs].

O recado que tenho é para aproveitarmos o máximo esse momento de volta que aguardamos tanto. Curtir cada segundo de cada DJ, esquecer o mundo fora da pista, desligar celulares e sentir aquilo que só a música eletrônica é capaz de nos passar. 

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