Excêntrico, criativo e ousado: batemos um papo com Denis Sulta no DGTL São Paulo

Por Gabriela Loschi, com a colaboração de Lau Ferreira (Boreal Agency)

Foto de abertura: divulgação

Além de Innellea, outro headliner internacional do último DGTL São Paulo que conseguimos entrevistar foi o escocês Hector Barbour. Não sabe de quem se trata? Talvez você esteja mais familiarizado com o nome Denis Sulta.

Excêntrico, criativo e ousado, o artista tocou no horário nobre do palco Frequency no dia 9 de abril, e depois nos atendeu gentilmente para um papo descontraído, mas, também, reflexivo, sobre o que foram esses últimos dois anos no planeta.

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Denis Sulta – Foto: divulgação

HM – Vamos falar um pouco sobre a vida. Nós passamos por dois anos sem muita vida pelo mundo. Como foi esse período para você?

Nesses dois anos em que não estivemos nos apresentando, eu dediquei um pouco mais do meu tempo a focar na minha vida pessoal em vez da minha carreira, porque tive mais tempo para desacelerar. Em um primeiro momento, eu estava muito empenhado em produzir, e eu sou uma pessoa que gosta de manter a postura de que tudo está bem. Mas, depois de um tempo, percebi que não tinha como sair e tocar a música que eu estava produzindo, e que não havia para onde ir, me expressar e fazer o que eu faço.

Além disso, eu desacelerei naturalmente, porque a vida de um DJ tem um ritmo muito rápido, com muita vida noturna, viradas de noite e viagens, e aquela foi a primeira vez que eu pude ficar no mesmo lugar por mais de duas semanas consecutivas. Eu pude aprender como é, de fato, viver em casa, o que é algo que eu nunca tenho a chance de fazer. Então eu meio que reavaliei tudo, foi um bom momento para diminuir o ritmo e agora estou me sentindo um pouco mais confiante e muito mais forte.

HM – A Alemanha foi um dos países que teve as restrições mais duras na pandemia, e alguns clubes ainda não reabriram. Como foi morar lá? Quais os seus lugares favoritos no país?

Eu morei em Berlim por dois anos, e durante aquele tempo eu fui pra muitos clubes. Então foi uma ótima forma de viver a cidade, mas, claro, que o Berghain é o melhor lugar para ir — se você conseguir entrar, é claro [rs]. Mas, para ser honesto, tem outros, como o OHM. Eu não sei mais quais lugares que ainda estão abrindo. É uma pena. Tem sido difícil para muitos clubes.

De qualquer forma, acho que Berlim sempre vai ser a meca da música eletrônica. Berghain e Panorama Bar são incríveis, mas, para os brasileiros que estiverem indo para a Alemanha, eu diria apenas para verem o que conseguem encontrar, porque são muitos clubes diferentes e DJs incríveis. As coisas grandes são sempre legais, mas é bom ir lá e explorar.

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Denis Sulta – Foto: divulgação

HM – Alguma de suas músicas tem um significado especial pra você?

“It`s Only Real”. Foi o meu primeiro grande lançamento, e eu fico muito feliz que ele resistiu ao passar do tempo e as pessoas ainda curtem.

HM – Tem algum artista brasileiro que você tem curtido recentemente?

Tem o Renato Cohen. Eu o conheci na última vez em que estive em São Paulo. Era o seu aniversário e nós fizemos um back to back.

HM – No after do Time Warp, certo? Como foi isso?

Sim, foi há uns três ou quatro anos, no after do Time Warp (2017). Eu toquei no festival e depois nós dois tocamos juntos no terraço de um prédio no centro de São Paulo. Foi incrível. Ele é uma lenda, especialmente no Reino Unido. Tem um remix para o Tim Deluxe que fez muito sucesso por lá – na verdade, Renato colaborou com Tim Deluxe em “Just Kick”, que ganhou remix de Carl Cox em 2004.

HM – Sensacional. Você é um apreciador de gastronomia?

Se eu gosto de comida? Eu amo!

HM – O que você mais gostou de comer no Brasil?

As carnes são fantásticas. E as frutas…

HM – Que frutas você comeu?

Eu amo mamão papaia, e o daqui é delicioso. Não provei ainda o caju, mas, o meu manager provou nesta manhã e não desceu muito bem [rs], então, talvez, eu deixe passar. Gosto muito do açaí também.

HM – E quais os seus próximos planos?

Estou me mudando para um estúdio novo e estou realmente empolgado. E então vem o verão, e aí é ir tocando e viajando…


HM – Você acha que nós já superamos a pandemia?

Sim. Acho que estou pronto para seguir em frente. Foi muito difícil para todo mundo, e foi muito difícil de uma maneira muito particular. Todos sofreram de algum jeito ou de outro, e agora acho que as pessoas estão empolgadas de voltarem a sair, se divertir, estarem juntas e talvez deixar tudo isso [a pandemia] de lado.

HM – Que mensagem você carrega desse período?

Apenas seja honesto com os seus sentimentos, e esteja muito confiante no seu instinto. A principal coisa que aprendi é estar bem com quem você é. Acredite no que você ama e não jogue fora o tempo que você tem com quem você ama. Fique com essas pessoas que você ama, fazendo as coisas que você ama.

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