Por: Alexandre Albini
Foto de abertura: divulgação
Com mais de duas dezenas de atrações — a maior parte inédita em palcos brasileiros —, o C6 Fest estreia no calendário cultural do país oferecendo uma programação diversa e multigeracional. Fruto da parceria entre o C6 Bank e a Dueto Produções, reunirá nomes consagrados e revelações da música mundial, em gêneros que vão do jazz ao rock, do soul à eletrônica, da MPB à world music. Tudo isso em quatro espaços e instalações dentro do Parque Ibirapuera, um dos pontos mais emblemáticos da capital paulista, nos dias 19, 20 e 21 de maio.
A programação traz três pioneiros da música eletrônica. Formada em 1970, a banda alemã Kraftwerk, nome mais influente do gênero, faz a estreia mundial de sua nova turnê no C6 Fest; os galeses do Underworld, revolucionários da cena britânica no final dos anos 1980, tocam suas composições atmosféricas e progressivas; e o live intitulado Model 500, capitaneado pelo estadunidense Juan Atkins (que se apresenta pela primeira vez no Brasil), mostra no festival o som que deu origem ao “techno”, termo criado por ele.
O C6 Fest resgata também o espaço comum a todos os palcos, o histórico Village, e celebra uma parceria inédita com o Grupo Tokyo, que assina a curadoria de DJs para o festival: Disco Tehran, Gop Tun, Pista Quente, Festa Luna, Feminine Hi-Fi, Selvagem, Deekapz e Cremosa Vinil. A programação ocupará as plateias interna e externa do Auditório Ibirapuera; uma grande tenda instalada no parque; e o prédio modernista Pacubra — Pavilhão das Culturas Brasileiras, que abrigará a seleção de DJs e parte da área de convivência do público.
Linha do tempo e influências
O Kraftwerk, de acordo com declarações dos próprios integrantes, bebeu de características sonoras afro-estadunidenses, em especial o swing do funky e do soul (que tem em James Brown o maior expoente) para elaborar seus beats icônicos.
No ano de 1981 o grupo alemão lança um techno intitulado “Numbers” (através do álbum Computerwelt) antes da vertente existir de fato —inspirando nitidamente produtores musicais de Detroit como Kevin Saunderson, Juan Atkins e Derrick May.
Em 1996, Underworld lança “Born Slippy” (sua faixa mais conhecida, lhe rendendo a venda de milhões de cópias e inúmeros shows com lotação esgotada), cuja influência direta também é do techno de Detroit —em que Juan Atkins é precursor.
Vale reforçar que Kraftwerk é anterior a ‘criação’ do house e techno, sendo um “diamante sonoro” lapidado nas décadas seguintes. Não à toa serviu como uma das bases ao Belleville Three, dos expoentes já citados. As ondas se retroalimentam!
Um pouco mais sobre as atrações:
Kraftwerk (Alemanha)
A música do Kraftwerk foi elemento decisivo para a invenção de uma ampla gama de gêneros e influenciou a trajetória de diversos nomes da música mundial, como David Bowie, New Order e Pet Shop Boys. No Kling Klang Studio, espaço montado pelo grupo em Düsseldorf, foi concebido e produzido todos os seus álbuns, que apresentam técnicas inovadoras de composição, vozes sintéticas e ritmos computadorizados.
Em meados da década de 1970, o quarteto alcançou reconhecimento internacional através de seu revolucionário conceito sonoro e da experimentação musical com robótica. Com sua visão de futuro, criou a trilha sonora para a era digital do século XXI, feito merecidamente recompensado com a conquista do Grammy Lifetime Achievement Award, em 2014.
Model 500 live by Juan Atkins (Estados Unidos)
Foi Juan Atkins quem batizou de “techno” o som eletrônico que começou a desenvolver em Detroit, em 1985, quando adotou o nome artístico de Model 500 e lançou o álbum “No UFO’s”, considerada a primeira produção do movimento da “dance music”. Desde então, Atkins construiu uma das obras mais influentes do gênero que atingiu fortemente a Europa e posteriormente se tornou um fenômeno cultural de massa.
Conhecido pela habilidade de fazer as máquinas “falarem”, seu estilo de produção inspirou uma legião de artistas, do rock vanguardista do Radiohead ao R&B futurista de Timbaland e The Neptunes.
Underworld (País de Gales)
Os galeses do Underworld ajudaram a revolucionar a cena eletrônica britânica no final da década de 80. As composições atmosféricas e progressivas da banda impressionam ainda mais na contagiante dinâmica de seus shows, referência e inspiração para as novas gerações. A consolidação definitiva aconteceu em 1996, quando a música “Born Slippy” se tornou o hino ao entrar na trilha sonora do filme Trainspotting (catapultando a banda do underground para o mainstream).
O sucesso crítico e comercial do álbum “Barbara Barbara”, “We Face” a “Shining Future” os levou a encabeçar os lineups de festivais como Coachella, Glastonbury e Summer Sonic.
Outras informações e programação completa: www.c6fest.com.br
