Por Ágatha Prado
Foto de abertura: Antonio Wolff
Quem acompanha a cena eletrônica nacional já há algum tempo, certamente deve ter se deparado com o nome de Leo Janeiro em diversos momentos, locais e oportunidades. Ele que é um dos grandes veteranos do circuito carioca, vem fomentando o movimento eletrônico de todo o Brasil há quase duas décadas, tanto na ativa de suas apresentações que figuram nos grandes festivais nacionais, como também nos bastidores de toda essa engrenagem. Leo é o que podemos chamar de um verdadeiro artista multifacetado.
Quando o assunto é house nacional e suas mais variadas vertentes, sua figura se torna um sinônimo do estilo. Carioca da gema, Leo consome a paixão pelos discos de vinil desde a infância, e influenciado pelos bailes blacks da cidade maravilhosa, começou a construir sua carreira como DJ no final da década de 90.
Boiler Room
Assumindo uma identidade fluida e tropical em sua essência, o filhão como é chamado pelos mais íntimos, passou a constar não somente do line up dos quatro cantos de sua cidade natal, mas também no comando das principais pistas do país. Das noites mais quentes do auge da Fosfobox, às cabines do Warung Beach Club – onde volta e meia podemos encontrá-lo levantando a energia do Garden e Inside do templo, qual é seu clube de residência -, Leo também cruza do Norte ao Sul do Brasil, estrelando os palcos da Beehive em Passo Fundo, ao D-Edge em São Paulo, e por vezes dando as caras no pistão curitibano do Club Vibe.
Live do Warung
Além dos clubes, os principais festivais do país também frequentemente contam com sua maestria que brilha através dos palcos do Skol Beats, Universo Paralello, Tribaltech, Warung Day Festival, Tomorrowland e Rock In Rio, sem contar a maratona de gigs pela Europa, onde Leo marcou presença nos palcos da Watergate e da Sisyphos em Berlim, Egg London, Pacha Barcelona e Glasgoldier em Moscou.
Como produtor não é diferente. Leo Janeiro traz sua pesquisa afiada dentro das da house music para dentro das referências que lhe inspiram no estúdio. Com mais de cinquenta lançamentos que marcam presença nos catálogos da Get Physical, D.O.C Records, Go Deeva, Urban Soul, D-Edge Records e Warung Recordings, o produtor carioca revela sua habilidade de manipular grooves refrescantes para o dancefloor, adicionando boas doses de jazz house, soul, musicalidade brasileira e tudo mais que traduza sua criatividade genuína em seus arranjos.
Mas a experiência com o mundo das gravadoras não se limita só aos seus trabalhos como produtor. Com conhecimento do mercado fonográfico, Leo é também o responsável pela curadoria e consultoria para labels e projetos dos mais diferentes espectros. Atualmente, faz parte do time da Get Digital/Zebralution, especializada em serviços de distribuição e marketing estratégico para labels e artistas, já abraçando gravadoras como a Warung Recordings e a Cocada: www.getdigital.berlin.
Foto: divulgação
O knowhow de Leo — bem como sua parceria de longa data Roland Leesker, chefe do selo alemão Get Physical — também deu vida ao promissor projeto Cocada, que teve seu início em 2018 ainda como compilação e turnê pela América Latina. Hoje, porém, a Cocada traduz sua latinidade para o mundo afora como gravadora sob o comando da dupla. Conectando a riqueza musical e novos talentos como: Bruce Leroys, Mezomo, Nu Azeite, Stanccione, Ossaim, Tha_Guts, e artistas consagrados Ricardo Villalobos, Floyd Lavine, Jimpster, Renato Cohen, Fatnotronic e diversos outros grandes nomes que trazem o brilho característico da musicalidade da América Latina.
Como se não bastasse a polivalência de suas contribuições, ele também é uma das peças influentes nos bastidores do mercado eletrônico nacional e assume também a posição de curadoria do BRMC (Brazil Music Conference), conferência de música eletrônica da América Latina focada no business e na cultura que se perpetua muito além das pistas de dança, por lá, acompanha a evolução desde seus primórdios, ainda em 2009, com olhos atentos para o mercado, suas tendências e novidades tecnológicas que contribuem para a expansão da cultura eletrônica no Brasil afora.
Portanto, não há outra maneira de terminar esse texto se não agradecendo por toda a dedicação e colaboração de Leo Janeiro ao cenário nacional: um muitíssimo obrigado! E que continue assim por muitos e muitos anos, espalhando a boa e nunca velha house music pelo Brasil e pelo mundo.