Mixando house e música orgânica: entrevista exclusiva com El Mundo

Por Nazen Carneiro – Coluna Tudobeats

Foto de abertura: divulgação

El Mundo é destaque internacional criando sua sonoridade numa esfera em evolução de música contemporânea, eletrônica, indie e jazz. Com milhões de streams nas plataformas digitais, o honalndês El Mundo conserva sua originalidade e faz florescer da música eletrônica um som cheio de identidade e espiritualidade, como se ouve no remix que o artista fez para o EP “Melhor Dia da Semana”, de Naza: afro house lançado pela Perplex! e disponível nas principais plataformas digitais.

Há mais de quinze anos El Mundo está discotecando por aí e, como ele mesmo diz: “mostrando sua alma ao público”. Depois de se juntar a Satori em 2007 e dar seus primeiros passos na produção, em 2012, ele retomou seu projeto solo. Um som mais profundo e de certa forma mais maduro emergiu dessa jornada. Vários lançamentos em gravadoras de renome e o interesse do público provado nos números das plataformas digitais mostram que o artista tem timing.

Seu interesse pela espiritualidade na música despertou a atenção de Naza, que o convidou para remixar sua faixa “O Melhor Dia da Semana”, fazendo assim nascer o EP homônimo que constrói no afro house a sua casa . Naza é brasileiro radicado na américa do norte e ficou conhecido com o Naza Brothers, duo que formava com seu irmão Rafael Nazareth. Agora, em carreira solo, o artista tem crescido exponencialmente. Neste EP, conseguiu juntar artistas de influências distantes, mas, que se complementam em duas faixas muito bem orquestradas. O EP tem duas faixas, original e remix, ambas com a participação do renomado grupo Barbatuques, mundialmente reconhecido pela música orgânica, produzida usando o corpo humano. O primeiro grande sucesso do grupo foi a música “Baianá”.

Com mais de 150 mil ouvintes mensais nas plataformas, El Mundo é autor, junto de seu parceiro  Zizou, do sucesso “Do You See What I See”, que já ultrapassa a barreira de 5 milhões de streams. Para saber mais desse remix e da participação de El Mundo no EP “Melhor Dia Da Semana”, de Naza, lançado pela gravadora alemã Perplex!, no final de abril, batemos um papo exclusivo com o produtor aqui na House Mag.

 

“Coisas legais vem na maioria das vezes por acidente. O lance é conseguir capturá-las”.

 

HM – Primeiro, parabéns pelo seu trabalho. É um prazer tê-lo aqui na House Mag, obrigado por aceitar o nosso convite. Por gentileza, comente a original mix desse EP. 

Obrigado pelo convite. (“Melhor Dia Da Semana”) É uma música de verão bem legal que faz você querer dançar, e, claro, o vocal do Barbatuques traz energia e alegria.

HM – Você fez é o autor do remix. Pode contar para nós um pouco mais do seu processo criativo nessa faixa?

Naqueles dias (da pandemia) meu processo criativo me mantinha ocupado mesmo quando eu não estava produzindo. O que quero dizer com isso é que hoje em dia meu processo criativo não é algo que posso identificar. Ele apenas está lá. E esse processo é diferente de um dia para o outro. Basicamente, é sobre ir para o estúdio e simplesmente começar a fazer coisas. O que é importante para mim é ter a mente aberta e com espaço para deixar os pensamentos viajarem. Coisas legais vêm na maioria das vezes por acidente. O lance é conseguir capturá-las.

HM – E nesse estúdio onde as coisas fluíram você usou quais tipos de hardware e software?

Eu trabalhei com o Ableton e meus plugins de sempre, tipo Omnisphere, o pacote Arturia e Soundtoys. O synth principal que vem no final da track vem de um Moog Subsequent 37.

HM – Você já tocou em diversas cidades da Europa mas ainda é inédito na América do Sul, é isso mesmo?

Eu toquei no México muitas vezes e sempre amei! Mas, na América do Sul mesmo eu nunca toquei. Eu realmente amaria tocar. Eu nunca nem visitei a América do Sul e tenho tanta curiosidade sobre como deve ser. Meu sonho é um dia conhecer Galápagos.

HM – A cultura africana é algo que permeia toda a construção da música eletrônica e o trabalho de vocês consegue destacar essa relação com a cultura do brasil também. Como El Mundo interagiu com isso tudo?

É justamente isso que me manteve ocupado durante todo o processo de criação do remix! Eu nunca tinha trabalhado com músicas vindas da cultura brasileira e foi um processo muito legal encaixar isto com o meu espectro sonoro. Uma grande diferença talvez seja o tempo. Para este remix eu reduzi o tempo até 110 para ter mais espaço entre os elementos.

HM – No final, não importa a origem. É simplesmente música, não é mesmo?

Exato! A música em si é universal e se sobrepõe a culturas e continentes. Eu percebo isso tocando mundo afora. No final é bem simples: trata-se de como as pessoas têm suas próprias experiências com as frequências nas suas mentes, nos seus mundos.

HM – Sem dúvida, e a música conecta! Por falar em conexão, e você e o Naza? O que uniu o som de vocês?

O amor pelo groove e pela música sem fronteiras. O Naza é um artista que também curte fundir estilos em sua música.

HM – Para finalizar. Qual história define esse EP?

Eu acho que só tem uma história: Eu amando a versão original e remixando no meu estilo. Naza me mandou uma mensagem perguntando se eu queria fazer uma colaboração. Eu curti o original demais, então naturalmente comecei a trabalhar nele. O resultado é esse EP irado!

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