Três décadas de carreira batendo na porta: falamos com o experiente Rodrigo Ferrari

Por redação

Foto de abertura: divulgação

Nos últimos anos, além de menções pontuais sobre gigs e afins, já tivemos a oportunidade de falar sobre Rodrigo Ferrari algumas vezes, como nesta entrevista de 2018, nesta feature sobre conciliar dois projetos musicais ao mesmo tempo, ou mesmo quando falávamos da Pacha São Paulo, onde ele foi residente por muito tempo.

Agora, uma marca especial se aproxima: os 30 anos de carreira! É, o tempo passa e a gente nem vê, mas ainda bem que dá pra revisitar as coisas do passado e aprender com quem muito já viveu a cena eletrônica e suas transformações. 

O bate-papo exclusivo você acompanha aqui na House Mag!

HM – Rodrigo, estamos aqui celebrando quase trinta anos de sua carreira e é interessante como você vem mantendo o pique ao longo de todos esses anos, se reinventando e permanecendo firme diante de todos os desafios que é necessário enfrentar dentro da indústria musical. Na sua visão, qual é o segredo de manter uma carreira musical no Brasil, dentro da música eletrônica, ao longo de todo esse tempo?

A paixão pela música me deixa vivo no mercado. A capacidade de adaptação é também essencial, afinal, muita coisa mudou e ainda vai mudar. Reciclagem técnica, pesquisa e estudo nunca podem parar.

HM – Quais são os maiores desafios que você teve durante essa jornada que gostaria de destacar, até mesmo para servir como um sinal de atenção para os mais novatos.

Acredito que o mais difícil seja entender e saber lidar com os diferentes momentos de carreira, seja tentando arrumar um espaço ao sol, surfando uma boa onda ou se reinventando para manter seu trabalho em meio a tanta novidade.

HM – Já vimos muitos artistas dizerem que é muito mais fácil atingir o sucesso do que manter o sucesso. Você concorda com essa afirmação?

Concordo sim. A partir do momento que você cria algo grande e de relevância é maravilhoso, mas seu público e a mídia dificilmente receberão de forma positiva algo que considerem menor na próxima entrega. É sempre mais fácil receber uma crítica do que um elogio. A exigência sempre vai ser grande e temos que estar preparados psicologicamente para continuar sem se abalar. 

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Foto: Flashbang

HM – Sua história como DJ se mistura também aos primórdios da cena eletrônica de São Paulo. Como a capital te inspirou e permanece te inspirando como artista? Quais são as vantagens e desvantagens que a selva de pedra exerceu sobre sua carreira? Já pensou em se mudar alguma vez?

São Paulo é uma cidade que vive em constante movimento e recebe  dosagens culturais de diversos universos distintos, isso me inspira e me conecta com ela. Às vezes um pouco sufocante e estressante pela competição desnecessária ao meu ver, mas ainda assim prefiro a cidade grande. Penso em me mudar apenas para alguma cidade de melhores condições básicas, com mais igualdade social, e ainda mais acesso a cultura da música eletrônica. Os dois anos que vivi em Londres foram mágicos e é um lugar que voltaria facilmente. 

HM – Você já teve oportunidade de dividir cabine com Jamie Jones, Loco Dice, Matthias Tanzmann, Tale of Us, Apollonia, Art Department, Sven Vath, David Morales, Louie Vega, além dos figurões Boy George e Peter Hook. Imagino que você realizou o sonho de tocar ao lado de seus grandes ídolos, certo? Ou ainda faltam alguns para completar esse sonho?

Com certeza foi muito bacana ter tido essas oportunidades e toquei com quase todos os meus ídolos, mas muita gente e novos lugares surgiram nesses 30 anos. Estou pronto para uma nova rodada pós pandemia!

HM – Além de colecionar esses nomes acima, você também é um colecionador inveterado de discos. Durante sua carreira, qual foi o disco que mais rodou nas pick ups, tem ideia? E hoje em dia, você ainda continua garimpando e comprando vinis?

Difícil dizer, alguns discos não saem do case e provavelmente não sairão. Depeche Mode – Behind The Wheel é com certeza um deles! Continuo garimpando sim, ainda não inventaram um remédio para esse vício. 

HM – Sua discografia é de uma consistência e diversidade invejável, sempre celebrando o poder da house music em suas diferentes faces. Entre seus lançamentos mais recentes, quais aqueles que lhe renderam mais impacto na sua carreira? E quais aqueles que você guarda de forma mais especial?

Com certeza “The Rhythm”, que conta com os vocais da lenda “Robert Owens” é a faixa que mais impacto teve na minha carreira como produtor e uma das duas que guardo de forma especial, junto ao remix feito para “Rita Lee”. 

HM – Sabemos também que você é um grande fã de synth pop, passando por referências como Yazoo, Pet Shop Boys, New Order, Depeche Mode e Eurythmics. De que forma a atemporalidade do synth pop inspira a assinatura que você exibe hoje em seus trabalhos de estúdio?

A identidade do synth pop está presente na minha por meio dos timbres, instrumentos utilizados e algumas vezes até na construção das faixas. É realmente uma grande referência e inspiração. 

HM – Para os planos que estão por vir, você já tem algumas novidades programadas? Algo que possa dividir conosco?

Por enquanto, mais dois remixes estão por vir ainda este ano, um para Saulo Ferraro pela Me Gusta Records, outro para o projeto de Berlin, Oblique Industries, pela Small Records. Tem também mais um EP autoral, o primeiro pelo meu novo label “Star Birds Music”. O selo também trará algumas festas, espero que uma ainda em 2021.

HM – Qual seria sua mensagem para um artista que está começando agora no cenário musical?

Se não for pela música em primeiro lugar, pare.

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