Por Breno Loschi
Foto de abertura: divulgação
Após muito tempo sem vir ao Brasil, Olivier Giacomotto retorna à terras tupiniquins neste final de semana, fazendo estréia no palco Bells do poderoso Surreal Park, ao lado de Renato Ratier, Tarter e Waltervelt, neste sábado, dia 18 de junho.
O francês tem uma bagagem de dar inveja. Começou na música muito cedo, chegou a ter bandas de reggae, fez trilhas para games e não saia dos rankings do Beatport, passando entre techno, house, electro, tech house e deep house. Consagrou lançamentos em selos como Suara, Noir, Get Physical, Definitive, Plus 8, Great Stuff, Terminal M, Senso e Knee Deep In Sound. Grandes nomes trocaram collabs com o francês, entre eles, John Acquaviva, Noir, Kiko, Umek e Popof.
Com muito carisma, batemos um papo super descontraído com Olivier, que contou mais sobre seu lado musical, profissional e, também, algumas curiosidades. Confira!
HM – Oi Olivier, tudo bem? Primeiramente, muito obrigado por conversar com a gente!
Oi! Estou super feliz por estar com você. Mais do que tudo, estou feliz em voltar ao Brasil em alguns dias. Estou muito animado com isso.
HM – Aqui no Brasil você já passou pelo Warung, Green Valley, Dedge e, agora, vai conhecer o Surreal Park. Como é para você tocar no Brasil e quais suas expectativas de tocar no Surreal neste final de semana?
É sempre um grande prazer tocar no Brasil, sempre! Tenho muitos amigos no Brasil que fiz durante os últimos 15 anos. Acho que a primeira vez que toquei no Brasil foi em 2006. Então, foi há muito tempo.
E venho todos os anos uma ou duas vezes por ano, talvez, mais. Eu costumava vir talvez cinco ou seis vezes por ano. E, obviamente, havia a pandemia. Então, tudo foi fechado e todos nós tivemos que esperar por dias melhores e, agora, são dias melhores. Então, estou muito animado para voltar ao Brasil porque eu realmente amo o Brasil e sempre foi para mim um país especial. Provavelmente, é um dos países que eu toco mais do que outros, acontece assim. Eu sempre gosto e sempre gosto de voltar.
HM – Como faz um tempo que você não vem para o Brasil, você preparou algo novo dentro do seu set para o público brasileiro?
Sim, definitivamente tenho muitas novas faixas, novas coproduções, novos remixes, novos originais. Então, eu provavelmente tenho dez ou doze faixas. Se eu tocar 2 horas, pelo menos metade do set será totalmente novo para o público. Estou muito feliz em testar essas faixas. Há um remix que terminei provavelmente dez minutos atrás.
HM – Por isso você está no estúdio neste momento [rs].
Sim! Estou super feliz. Então, haverá muitas faixas e muitos sons novos. Espero compartilhar esses novos sons com o público e acredito que vamos nos divertir muito.
HM – Sim, com certeza o público do Surreal vai ficar louco com você!
Bom, vou tentar ser tão louco quanto o público brasileiro. É difícil competir [rs]. Eles são selvagens e dão muita energia. E é por isso que gosto do público brasileiro, tem muita energia, sempre. E, também, é por isso que gosto de voltar ao Brasil, toda vez eu sei que vai ser ótimo. Eu nunca tive nenhum show ruim ou público ruim. Sempre foi bom.
HM – Seu contato com a música começou cedo, tocando piano aos oito anos, certo?
Graças a minha mãe! Havia um piano em minha casa e minha mãe tocava o tempo todo. Como eu ficava sempre em cima do piano e não sabia tocar nada, ela resolveu me mandar para um professor. E eu não gostei. Não gostava de aprender piano. Eu não sei por quê. Talvez eles queriam que eu aprendesse o básico e eu queria fazer algo mais livre, mais criativo.
HM – E depois disso, você trabalhou no Townhouse Studios, uma gravadora, parte da Virgin Records, certo?
Sim. Minhas experiências no estúdio começaram quando eu era estudante, provavelmente, quando eu tinha 22 ou 23 anos. E fui para um estúdio em Londres e fui assistente de um produtor, chamado Magnus Fiennes. Ele foi o produtor de Spice Girls, Tom Jones, Morcheeba e muitos grandes artistas, era bem mainstream. Mas, ser seu assistente, poder observá-lo e aprender, não tinha preço. Acho que foi muito mainstream, mas, foi o suficiente para eu aprender algo para começar minha própria carreira na música eletrônica. Então, eu tive seis meses com ele e foi inestimável, definitivamente.
HM – E como veio a carreira de DJ e produtor das suas próprias músicas?
O “DJing” veio depois. Comecei, como disse, a tocar piano quando tinha oito anos. Mas ,quando eu tinha 15 anos, eu já tocava com bandas. Eu toquei com essas guitarras muito rápido [rs] e essa é a guitarra que eu tinha quando eu tinha 15 anos. Então, eu ainda a tenho e há muitas que são legais. Eu sou um músico. E depois disso, tive que pensar em como tocar minha música no palco. Então, eu teria que fazer um live act? E eu não tinha dinheiro para comprar esses equipamentos. Faço tudo no computador. Então decidi tocar como DJ porque era, provavelmente, a maneira mais fácil de tocar a multidão. Eu queria fazer música para eles, então tive que fazer uma escolha: live act ou DJ. E eu escolhi DJ.
HM – Atualmente você está trabalhando em outros projetos fora da música eletrônica?
Sim, muito. Estou trabalhando com artistas de hip hop, pop afro e também com artistas pop franceses. E eu produzo para eles. Eu escrevo música todos os dias, então, às vezes eu trabalho apenas como escritor. Eu sou um escritor de música e componho diferentes tipos de batidas. É, principalmente, música eletrônica, mas, aplicada a um público mais amplo, mais mainstream, mas, ainda, música urbana, pois eu uso apenas baterias eletrônicas e sintetizadores. Mas esse é o tipo de música que você pode ouvir aqui na França pelo rádio. A música que faço para mim como Olivier Giacomotto não está no rádio, só nos clubes para os fãs de música eletrônica. Mas ,como guitarrista, como pianista, eu gosto de música. Então eu não me importo com o estilo. O objetivo é ter uma música bonita. Pode ser reggae, pode ser pop, pode ser hip hop. É sempre um prazer compor música globalmente.
Mas, durante a minha juventude, quando eu era adolescente, eu ouvia muito metal e muito funk, minhas influências vão do Pink Floyd ao Red Hot Chilli Peppers. Havia uma banda brasileira chamada Sepultura. É muito pesada, mas, eu adorava. Escuto menos agora porque estou ficando velho e meus ouvidos estão um pouco cansados.
HM – Eu ví que você adora cozinhar. Isso é por conta de ser francês? Como começou esse hobby?
É porque eu gosto de comida. Não sei se é porque sou francês, não sei de onde veio isso, eu gosto muito de comer. Gosto de comida de toda a parte do mundo. Eu adoro picanha! Toda vez que vou para o Brasil eu gosto de ir em churrascarias com rodízio, pois aqui não tem isso. Vou tentar não comer muito desta vez [rs].