Por Décio Freitas e Dudu Palandre aka Anhanguera
Foto de abertura: divulgação
“No Brasil, a house music somente destronou outros ritmos em 1989, quando a música ‘Pump Up The Jam’ do grupo Technotronic invadiu os clubes do mundo, tornando a dance music uma mania. O house ficou popularmente conhecido pelo termo pejorativo de ‘poperô’. Em 1996 essa música retornou às paradas de sucesso no filme ‘Space Jam’, provando que a house music tinha muito mais fôlego do que os críticos poderiam imaginar”.
O trecho acima, retirado do Wikipedia, chama a atenção para a história do Brasil com a house music, quantos de nós já não ouviram o termo “poperô” circulando pelos grupos da escola, faculdade ou trabalho? Mas, a própria vertente nos conta uma história que vai muito além de qualquer termo dado ao universo da música eletrônica em si.
A house music empoderou artistas diversos das periferias começando por Illinois em Chicago, onde o fervo das ‘warehouses’ tomaram conta da cidade e iniciou um movimento importante para a música mundial e fez despontar nomes que são referência para artistas do mundo todo — como Frankie Knuckles que é aclamado por muitos como o “pai” da house music, sendo um dos pioneiros deste gênero juntamente com outros nomes como Tony Humphries.
Voltando para o Brasil
Temos nossas próprias referências que seguem fortalecendo a cena e inspirando milhares por onde tocam, nomes como DJ Memê que é um gigante nacional e já trabalhou com artistas de peso do mainstream como Lulu Santos, Shakira e o próprio Frankie Knuckles (citado acima). Seu lançamento mais recente é uma collab com Priscila Tossan, artista revelada no The Voice Brasil.
Indo na raiz da coisa toda e na pureza de significado histórico que o house propõe, temos que falar sobre a cena underground das grandes cidades e de periferia, de onde despontaram nomes como Badsista que contemplou a cena com um hit digno “Só Me Chama Se For House” — entregando uma faixa irreverente e atemporal para o que podemos literalmente chamar de house brasileiro, que integra a lista de produções compostas por brasileirxs com letras em português.
Citando mais uma artista necessária para nossa cena pela representatividade de cor e que integra a sigla LGBTQIA’s, temos também Valentina Luz, que deu os primeiros passos compondo line ups importantes da cena underground evocando a house music na pista dentre outras vertentes pro público dançar sem parar. Valen ainda não produz, mas, tem feito um sucesso estrondoso nas cabines — incluindo uma participação recente no Boiler Room.
A força da vertente também pode ser encontrada na musicalidade de PR.A.DO, DJ e produtor de house que mescla a vertente com sonoridades brasileiras e funk. Leo Janeiro, que é considerado um dos DJs de destaque da cena brasileira com seu groovy house e a lista segue tão grande que o texto não consegue fazer jus a todos os nomes que deveriam estar aqui.
Mas, vale lembrar que dentro da esfera da vertente há edits, reedits, subvertentes como deep house, minimal house, afro house, progressive, tech house e por aí vai. A vertente também segue sendo fomentada por artistas e entusiastas focados em pesquisa e também produtores focados somente na produção. Isso por si só já entrega um fator inato da música eletrônica de que quando vamos falar sobre vertentes, a lista pode ficar gigante.
Temos também, de São Paulo, Marcello V.O.R que é uma grande referência com mais de 25 anos de estrada, já fez dupla com o Gabe, o extinto Velkro e vem da vanguarda de produtores nacionais. A dupla carioca Bruce Leroys com mais de 20 anos de carreira e seguem importantes para a cena, inclusive irão lançar em breve um trabalho com participação da Gal Costa (R.I.P.). Outra dupla que vale a pena mencionar é o duo AudioClass, que além do house propriamente dito, também tocam tech house e techno.
Vindo do Sul temos Daniel Dalzochio que conversa bem com o soul, afro house e também uma linha mais deep. E voltando pra sampa temos o duo Fatnotronic que é um dos destaques da cena e tem um histórico vasto de parcerias importantes e enaltecem a música brasileira. E fechando temos Daniel D, que também toca future disco além de house, o que forma uma sincronia perfeita visto que o house tem seu pé no disco.
A house music e a cena de música eletrônica segue cooperando para questões de cunho social que o país enfrenta e merece vida longa por proporcionar cultura, história e entretenimento para o país.