Por Décio Freitas e Dudu Palandre aka Anhanguera
Quando pensamos em house music clássica, o que vem à mente primeiro? Certamente, além de todas as qualidades já inerentes ao gênero, é impossível não fazer uma conexão neural quase imediata sobre cantoras poderosas que levaram luz para o mundo mainstream, algo que tinha começado na era disco e reforçou-se na era house.
Não apenas essas divas cantam com potência, atitude e muita alma dentro do 4×4 groovado contagiante do gênero, também passam adiante mensagens de amor, aceitação e comunidade, alguns dos pilares que tornaram a house music algo revolucionário. Essa característica ficou tão popular que ganhou seu próprio nome: handbag house.
O apelido handbag house, ou como preferimos, diva house, refere-se à maneira antêmica de se criar músicas house, colocando em destaque aspectos funky, soul, pop dentro da estética clubber reverberada pelas casas noturnas LGBTQIAP+ dos anos 80 e 90.
No universo diva house há vários hits muito conhecidos nesses moldes, mas hoje vamos relembrar algumas das vozes que marcaram a história desse movimento maravilhoso da house music que tanto amamos e que levantam o espírito de qualquer clubber, a qualquer momento.
Barbara Tucker
Lembra do sample “Deep, deep, deep inside, deep, deep, down inside”? É um trecho conhecido na dance music e vem do vozeirão de Barbara Tucker, cantora, compositora e coreógrafa de Nova Iorque que emplacou seis hits #1 em sua trajetória na house music, entre eles “Beautiful People”, “I Get Lifted”, “Stay Together” e “Stop Playing With My Mind”. Muitas dessas conquistas se deram junto ao Masters at Work, dos integrantes Little Louie Vega and Kenny “Dope” Gonzalez.
Martha Wash
Inconfundível! Não há almas vivas neste mundo que não tenham se encontrado nas vibrações pujantes da voz de Martha Wash. “It`s Raining Men” foi um dos seus trabalhos mais aclamados ainda na época disco, e ainda acabamos descobrindo em meados dos anos 90 que o hit “Ride On Time” foi cantado por ela e não pela Katrin Quinol, do grupo Black Box. Essa polêmica foi parar na Justiça e só reforçou o título de Rainha da Clublândia que Martha ganhou da Billboard nos anos 90. Ela segue [en]cantando, como podemos conferir no seu álbum “Love & Conflict“, de 2020.
Crystal Waters
Premiada em várias esferas, a Billboard rankeou Crystal Waters como uma das artistas de dance music mais bem-sucedidas de todos os tempos, vendendo mais de 2 milhões de cópias no total. Alguns de seus hits, como “100% Pure Love” e a sampleadíssima “Gypsy Woman”, deram o tom da vida noturna mundial. Waters também atravessou os anos 2000, com o Alex Gaudino na inesquecível faixa “Destination Calabria“.
Robin S
Seria injusto não colocar na lista a cantora de “Show Me Love”, ainda hoje uma das canções mais recortadas e remixadas da história clubber. Robin S teve dois álbuns de estúdio lançados nos anos 90, “Show Me Love” e “From Now On”, e segue colaborando com vários artistas até os dias atuais, a exemplo de “See It My Way“, com James Worthy, que acabou de sair do forno.
Jocelyn Brown
O poder: dos 23 hits dos quais fez parte, 8 foram para o top #20. Assim como muitas divas da dance music, Jocelyn Brown começou cantando em coros gospel e eventualmente foi inserida na disco e no house sem deixar pra trás sua assinatura musical baseada no R&B. Entre os seus singles solo de maior sucesso está a faixa “Somebody Else`s Guy”
Inaya Day
Começando nas igrejas do Brooklyn, passando pela Broadway e aterrissando nas pistas de clubs lendários, Inaya Day participou de faixas de nomes como Michael Jackson, Puff Daddy, Queen Latifah e Al Green antes de ser apresentada à house music em 1996. Sua canção “Horny 98”, entregando sua voz para os artistas Mousse T e Hot N` Juicy, virou um, hino clubber.
Kym Syms
Em 1992 veio ao ar o álbum “Too Blind To See It”, da Kym Syms. O single homônimo fez considerável sucesso, principalmente no Reino Unido (onde ficou nos rakings por 12 semanas consecutivas) e colocou a cantora e compositora de Chicago — dona do próprio selo, Diva Down Records — em um patamar entre o underground e o mainstream. Kym também co-escreveu o hit “Keep on Walkin”, da CeCe Peniston, e trabalhou com produtores como Maurice Joshua e Steve “Silk” Hurley.