Em um cenário de êxtase após a pandemia, o setor de eventos viveu um período de alta e grandes públicos semana sim semana também entre 2022 e 2023. Nos últimos meses, o jogo está mudando. Artistas como Ivete Sangalo e Ludmilla tiveram turnês canceladas por baixa procura do público e à época trouxemos uma reflexão geral sobre o setor. Veja aqui.
Entretanto, grandes festivais que historicamente sempre foram sucesso de público e nunca se preocuparam com isso estão com essa dor de cabeça.
O texto de Pedro Martins para a Folha de S. Paulo traz um levantamento feito pelo Mapa dos Festivais, empresa de curadoria Bananas Music. Nele, mostram que a quantidade de eventos aumentou 138% no ano passado, com a criação de 71 festivais. Mas só neste ano nove foram adiados e outros nove foram cancelados, enquanto empresas importantes do ramo perderam o seu valor.
Além disso, gigantes como Rock In Rio e Lollapalooza sofrem com a demanda menor atualmente. O Lolla teve público 20% menor este ano em relação a 2023, enquanto o RIR ainda tem entradas para 3 dias a menos de dois meses do seu início.
O Tomorrowland Brasil ainda tem entradas disponíveis para todos os dias do festival marcado para outubro. Talvez o preço elevado dos ingressos e o desapontamento com o ocorrido na edição de 2023 sejam fatores que influenciam isso, mas entra no que está sendo discutido aqui. Em paralelo, a Só Track Boa em São Paulo levou mais de 30 mil pessoas em cada dia do festival este ano e foi um sucesso de público.
O Brasil, como grande polo da música no mundo, naturalmente recebe diversos eventos e festivais anualmente, o que em determinado momento obriga boa parte da população escolher o evento que vai curtir, visto o baixo poder aquisitivo do país. Contudo, a crise nos festivais não é algo exclusivo daqui.
A Inglaterra, país com centenas de festivais e destino de muitos turistas, também está sofrendo com o cancelamento e adiamento de eventos e os motivos são semelhantes. Segundo a Associação de Festivais Independentes do Reino Unido, só em 2024 mais de 40 festivais já sumiram de sua agenda e a tendência é que esse número pode chegar a mais de 100.
Os motivos são o alto custo para produção dos eventos e aumento no custo de vida para a população, assim como são algumas das queixas dos produtores brasileiros.
As soluções seguem sendo as mesmas já apresentadas como diminuição nas mega estruturas, eventos com menos duração, locação de espaços menores entre outras.
Por Adriano Canestri